O clipe de vídeo abaixo faz parte de uma campanha de comunicação chamada Mexico Unido Contra La Delincuencia. É chocante. Aparentemente, fruto do desespero, da impotência. Uma forma brutal de cobrança, mas em nome de um sofrimento indescritível. O homem que aparece, Pedro Galindo, teve os dedos cortados pelos seqüestradores, para forçar o pagamento de um resgate. Ele diz:
– Quando os seqüestradores me cortaram o primeiro dedo, senti muita dor. Quando me cortaram o segundo, senti medo. Quando me cortaram o terceiro, me deu raiva. E quando me cortaram o quarto reuni forças para exigir das autoridades que não mintam, que trabalhem e salvem nossa cidade do dedo. E, se suas mãos tremerem, tomem, lhes empresto as minhas.
Quem explica o contexto é Wladir Dupont, da Cidade do México.
Cobrança feroz
Por Wladir Dupont, da Cidade do México
A preocupação meio paranóica com a segurança pessoal e familiar é tão forte no México de hoje, que os políticos, espertos observadores dos sentimentos populares, já exploram o tema nas plataformas dos três candidatos à presidência do país nas eleições de 2006.
A imprensa, o rádio e a TV dão destaque diário ao problema, cobrando das autoridades, com vigor e até mesmo certa impertinência, medidas mais concretas para pelo menos frear um pouco o crime organizado e assim diminuir os altos índices de delinqüência – roubos à mão armada, assaltos a casas e lojas, seqüestros ¨express¨ (modalidade parecida, mas muito mais violenta, com os seqüestros-relâmpago brasileiros), latrocínios e homicídios.
Acontece porém que, além da ineficácia oficial, existe o problema da corrupção generalizada nos corpos policiais, não poucas vezes aliados aos capi das droga e aos chefões do crime organizado.
Como resultado de tudo isso, grassa, principalmente na Cidade do México, o medo, o pânico, os cuidados às vezes cômicos com a
segurança pessoal e familiar. Na verdade, descuidou, dançou!