Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Palocci ocupa todas as manchetes. Destino do ministro será definido a partir das 15h

A hora já está marcada: a partir das 15h de hoje, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, irá enfrentar as inquirições dos senadores para tentar manter-se no cargo. A jogada é arriscada, mas também é uma das poucas que ele tem à mão. Sua argumentação para antecipar a audiência com os senadores – a agenda previa que ele falaria à Comissão de Assuntos Econômicos na terça-feira próxima, dia 22 – é convincente: o risco do estado reinante alterar a estabilidade econômica.

Na segunda-feira, com seu destino já rifado, o dia no mercado financeiro foi marcado pela instabilidade, apesar do baixo movimento causado pelo feriado de ontem. A queda do ministro, antecipada por todos os jornais no início desta semana, portanto, já não é tão líquida e certa como era desde o final de semana. Talvez o réquiem em sua homenagem na Carta ao Leitor da revista Veja desta semana precise ser reescrito.

O ministro quer se defender e acredita ter argumentos para convencer os senadores que nada tem a ver com as traficâncias e atividades de seus ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto. A seu favor, ele conta hoje com a declaração do ex-assessor mais envolvido nas denúncias: Rogério Buratti. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele assegura que o ministro é honesto e que nada mais tem a dizer aos promotores e à polícia de Ribeirão Preto, de onde têm surgido as suspeitas que mais comprometem o ministro. Os jornais ainda trazem que a antecipação da ida do ministro ao Senado tem o dedo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o noticiário, Lula teria se convencido de que não há, ao seu alcance imediato, substituto à altura de Palocci para manter a estabilidade.

Outra notícia que, a princípio, mostra-se a favor de Paloccivem de Joaquim Levy, secretário do Tesouro. Ele ocupa os jornais de hoje anunciando que abriu mão do convite para ocupar uma das vice-presidências do Banco Mundial para permanecer na equipe da Fazenda. Com essa decisão, Portugal entra na lista de nomes de prováveis substitutos de Palocci, na hipótese de o depoimento de hoje do ministro resultar em desastre.

O êxito ou fracasso da estratégia do ministro também depende da sanha ou da boa-vontade com que será recebido pelos senadores. A se considerar o clima reinante na sessão da CPI dos Bingos que ouviu o ex-assessor de Palocci, Vladimir Poleto, Palocci está frito. Mas o risco da instabilidade e a possibilidade de o governo transferir essa fatura para a oposição, caso o ministro caia e o mercado entre em erupção, também pesa na balança. A sorte está lançada. Se perder Palocci, Lula ficará ainda mais só para governar.