O pior acabou acontecendo, e o jornal online NoMínimo deixa a Web com um anúncio fúnebre, e algumas pitadas de amargura.
Nós todos lamentamos que esta experiência de jornalismo independente na internet não tenha conseguido desenvolver um modelo de negócios sustentável, a médio prazo.
O que aconteceu, deveria funcionar como mais um sinal de alerta para todos os demais projetos jornalísticos não vinculados aos grandes grupos da mídia brasileira.
Mostra também a necessidade de uma reflexão conjunta porque há muitas lições que podem ser aprendidas com o que sucedeu ao NoMínimo, e uma das principais colaborações para esta pensata, seria uma auto-avaliação da equipe do jornal.
Ninguém melhor do os editores para identificar o que aconteceu e poder oferecer lições aos que continuam na luta por um jornalismo online independente.
Até o momento não existe um modelo de negócios testado e aprovado para garantir a sustentabilidade de projetos como o do NoMínimo. Há muita gente tentando as mais variadas estratégias editoriais e financeiras.
Mas tudo indica que uma coisa já é certa: há necessidade de uma revisão profunda da relação dos jornalistas com o público. Enquanto os profissionais não passarem a ver o leitor como um parceiro em vez de um simples dígito nas estatísticas de audiência, todas as iniciativas estarão sempre dependentes de publicidade e patrocínios.
A internet quebrou o verticalismo e a unilateralidade nas relações entre jornalistas e o público. Os leitores agora têm a possibilidade de interagir com as redações, só que este novo modelo ainda não funciona com a agilidade necessária.
A nova relação ainda não foi plenamente conscientizada tanto pelas redações como pelos leitores. A cultura jornalística predominante ainda é a da verticalidade, embora haja muita gente tentando superá-la.
Por sua parte, o público ainda se mostra reticente e desconfiado em relação às novas possibilidades de interatividade abertas pelos softwares da chamada Web 2.0.
Mesmo descontando o efeito da exclusão digital que impede quase 70% dos brasileiros de acessar a Web, os incluídos ainda não se deram conta de que eles só terão as informações que desejam se forem muito mais do que leitores passivos.