Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O que foi mesmo que ele disse?

Foi “longo (55 minutos)”, informa secamente o Estado.

Foi “longo e cansativo”, avalia duramente a Folha.

Mas foi o Globo que deu o tiro de misericórdia no desempenho do tucano Geraldo Alckmin na convenção que homologou a sua candidatura ao Planalto, ontem, em Belo Horizonte:

”Durante o discurso de 19 páginas lido por Alckmin”, noticiou o jornal, “o público presente ficou reduzido quase que à fila do gargarejo”.

Os tucanos argumentaram que o candidato deveria “falar para fora”, para mostrar que “tem substância e conteúdo”.

O voto vencido, como se lê na matéria da Folha sobre os bastidores da pesada peça oratória, escrita “a várias mãos”, foi do pessoal da comunicação do candidato, que tem horror profissional a ver político lendo discurso, em vez de falar de improviso e botar emoção nas palavras, como se elas lhe saíssem da alma

Claro: com perdão pelo truísmo, política é comunicação. Eleição, então, só é.

De que adianta oferecer aos formadores de opinião – o público-alvo da fala de Alckmin – “densidade”, como quis a cúpula do PSDB, se a presumível densidade não está na cara?

Nenhum jornal publicou – nem poderia – a íntegra da oração. Todos remeteram o leitor para as suas edições online.

Não houve, nem há sinais de congestionamento nos acessos às versões eletrônicas da mídia impressa, muito menos no acesso ao site do PSDB.

Duas coisas são certas.

1.O discurso de Alckmin não poderia ser longo e lido.

2.Breve e “falado”, teria que girar em torno de um par ou uma trinca de idéias-força, servindo para mostrar a que vem o candidato. Tipo ‘crescimento firme, educação de qualidade, governo honrado”.

A rigor, disso ele só se aproximou ao final, quando perguntou retoricamente “que tempos são esses em que (…) os brasileiros pensam automaticamente, em silêncio: e o chefe? Onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões?”

Para prometer, em seguida, que os “tristes tempos vão acabar”.

Alckmin pode achar o que queira de Lula. Mas, objetivamente, em matéria de sintonia com o público e poder de persuasão – para não falar em carisma – está mais distante dele do que nas pesquisas eleitorais.

Alckmin tem de diminuir a distância em relação a Lula no quesito “comunicabilidade” antes do início do horário eleitoral, em agosto, se quiser ter alguma chance efetiva de, até lá, diminuir a outra.

***

Os comentários serão selecionados para publicação. Serão desconsideradas as mensagens ofensivas, anônimas, que contenham termos de baixo calão, incitem à violência e aquelas cujos autores não possam ser contatados por terem fornecido e-mails falsos.