Depondo na CPI dos Bingos, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em dado momento pediu ao senador Cesar Borges, do PFL: “Por favor, não fale em `Caso Angola`.”
O senador respondeu que a expressão não era dele, mas da imprensa.
O uso do termo “caso”, a três por quatro, é comum na mídia. É um recurso para resumir, em títulos e chamadas, assuntos de presença frequente no noticiário.
Claro que, para o leitor, “caso” equivale a problema, irregularidade. Tem conotação pejorativa, portanto. Ou ainda, sinal de que alguma coisa vai sobrar para alguém.
E uma vez que algo vira “caso” na mídia, não há força humana capaz de dissociá-lo da palavra sutilmente incriminadora.
Nem o argumento esperto do ministro Palocci de que, ao se falar em “caso Angola”, corre-se o risco de criar caso com um país que tem uma relação até especial com o Brasil.
Palocci, mais uma vez e para surpresa de ninguém, está dando show numa CPI. Mas nem a sua admirável lábia, que os próprios inquisidores, na maioria, não deixam de elogiar, tem o poder de livrá-lo dos cacoetes jornalísticos.
“República de Ribeirão Preto”, por exemplo, numa analogia com a infame “República de Alagoas” instalada no governo Collor.
E a sua decisão, anunciada à CPI, de não concorrer à reeleição como deputado, deixando claro que será o grande operador da campanha reeleitoral de Lula, só manterá o foco da mídia acerca de seus atos – e do seu passado.
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