No mesmo dia em que se iniciou a propaganda obrigatório da campanha do referendo sobre armas as emissoras de televisão noticiaram a morte, na cidade gaúcha de Sapiranga, do sindicalista Jair Antônio da Costa. Ele fazia uma manifestação durante a qual houve confronto com soldados da Brigada Militar. Muito forte, os policiais tiveram dificuldade para dominá-lo. Um dos soldados forçou o pescoço de Jair com um cassetete, para contê-lo, enquanto outros dois o seguravam pelos braços. Não foi usada arma de fogo.
Na década de 1980, um rapaz lutador de caratê foi detido pela Polícia Militar do Rio de Janeiro na Cidade de Deus, sob a acusação de ter ido comprar drogas. Ele também era muito forte e bateu em vários policiais que tentavam dominá-lo, até que o conceito de “dominar” foi substituído, no desespero, pelo de “abater”. O rapaz foi morto a pancadas. A mãe dele se chama Regina Gordilho e sua luta para denunciar a violência sofrida pelo filho levou-a a uma longa carreira política no estado do Rio.
Recentemente, o lutador Ryan Gracie entrou no 78° Distrito Policial de São Paulo e bateu em três ou quatro policiais. E estava bêbado, segundo o noticiário.
Já vi policiais prenderem pessoas sem dar um uma pancada ou nem sequer um berro, em Paris (dentro de um café, imobilizando um homem no chão) e em Bergen, na Noruega (numa praça do Centro; e havia uma mulher entre os policiais que imobilizaram um homem que berrava, aparenemente bêbado, ou drogado). Mas aqui não se ensinam técnicas, os policiais são jovens que buscam emprego sem pensar em vocação e, escreveu-não-leu, usam arma de fogo. Na França, segundo a última estatística que conheço, um policial fardado faz em média seis (6) disparos com arma de fogo ao longo de uma carreira de 25 anos.
Provavelmente, a polêmica do referendo vai tomar caminhos que não permitirão uma discussão séria do despreparo policial, entre muitos outros temas relevantes.