Como o BMG entrou na política
A imprensa não se preocupou em saber como o banco BMG, de Minas Gerais, que deu empréstimo ao PT avalizado por Marcos Valério de Souza, entrou na política. Se tivessem consultado os arquivos, os repórteres veriam que a família Pentagna Guimarães, dona do BMG, ao contrário de outros clãs mineiros, passou décadas sem se meter em política, mas assumiu posição de destaque quando Newton Cardoso foi eleito governador de Minas Gerais, em 1986. Newton Cardoso, lembra-se, ouvinte?
O dinheiro dos velhinhos
Lê-se nos jornais desta terça-feira, 5 de julho, que o banco BMG é pioneiro e campeão em empréstimos consignados. A jornalista Raquel Balarin revelou na semana passada, no jornal Valor, que o crédito consignado não suscitou apenas trambiques em cima de aposentados e pensionistas. Havia no INSS, segundo denúncia levada ao presidente Lula, uma ‘caixinha’ para habilitar bancos, em nome do PMDB. Foi em março. O pedágio parou e houve troca de dirigentes no Instituto.
Restou uma briga entre bancos que querem explorar o filão, porque em 30 de maio o INSS suspendeu novos convênios. O assunto não foi mais investigado pela imprensa.
Observatório na televisão
A mídia dá uma contribuição preciosa na crise do mensalão, mas deve se submeter, ela também, ao debate sobre fins e meios. É o que Alberto Dines anuncia para o programa de hoje do Observatório da Imprensa na televisão, que, em São Paulo, mudou de horário. Será transmitido pela TV Cultura a partir das onze da noite.
Dines:
Certos jornais e certos jornalistas apresentam o atual momento como uma crise política. Outros dizem que é uma crise moral. Na verdade, é uma crise de valores. A sociedade brasileira está descobrindo agora que os fins NÃO justificam os meios. A imprensa acionou este turbilhão e este turbilhão está produzindo um sacolejo geral nas consciências. Mas a imprensa como agente desta catarse não pode manter-se alheia a ela.
A moralização da política passa obrigatoriamente por uma conscientização do jornalismo. Não podem pairar dúvidas sobre os reais interesses e motivações que se escondem atrás das denúncias veiculadas pela imprensa. Mesmo que sejam denúncias arrasadoras. O jogo limpo deve ser jogado por todos. O Observatório da Imprensa vai sabatinar na sua edição de hoje o repórter Leonardo Attuch da IstoÉ/Dinheiro que descobriu a ex-secretária de Marcos Valério e está sendo alvo de ataques das revistas concorrentes. Não são muitos os profissionais e empresas jornalísticas que se dispõem a discutir abertamente os seus procedimentos. Vale a pena assistir. Mas atenção para a mudança de horário – pela TVE o Observatório da Imprensa continua ao vivo às 22h30. Pela TV-Cultura, às 23 horas. Até lá.
Tiroteios no Rio
Os meios de comunicação do Rio de Janeiro continuam perdidos diante da criminalidade. E quanto mais se aproxima uma nova campanha eleitoral – para presidente e para governador -, mais irresistível se torna a deixar a política contaminar a reportagem policial.
O candidato Anthony Garotinho, como se sabe, foi eleito governador do Estado do Rio em 1998 com uma plataforma largamente calcada em políticas de segurança pública. Depois, foi secretário de Segurança de sua mulher, a governadora Rosinha.
Quem mais politizou a segurança pública foi a Rede Globo, durante os governos de Leonel Brizola. Garotinho só copiou. E a situação só ficou pior.
‘Países fracassados’
A Folha de S. Paulo publicou ontem reportagem sobre a lista de ‘países fracassados’ publicada pela revista americana Foreign Policy. O título dizia: ‘América Latina tem dez países fracassados’.
Na semana passada, o colunista Andres Oppenheimer, do jornal Miami Herald, questionou a lista, porque ela, entre outras coisas, inclui a Colômbia e a República Dominicana enquanto deixa de fora a Bolívia.
Igreja impermeável
A Igreja católica preferiu, em relação a denúncias contra padres que cometem violências contras mulheres, matar o mensageiro, como se diz. Demitiu do Instituto Teológico da diocese de Santo André a pesquisadora Regina Soares Jurkewicz, autora de estudo sobre o tema.