Desleixo tem limites – mesmo na imprensa brasileira.
O caderno Cultura – repito, Cultura – do Estadão reproduziu ontem um artigo, por sinal excelente, do comentarista Martin Kettle, do Guardian de Londres, sobre Barbara Epstein, a criadora e diretora de uma das mais importantes publicações culturais e políticas do mundo, recentemente falecida. A publicação é a revista New York Review of Books (literalmente, Resenha de Livros de Nova York), ou NYRB, como é conhecida.
Título dado pelo Estadão ao artigo: ‘Barbara Epstein, a alma da NYT Review of Books’. Isso é cruzar cavalo com mula. Existe a NYRB, que sai geralmente duas vezes por mês, e existe o New York Times Book Review, o suplemento literário semanal do New York Times, ou NYTBR.
Até os emigrantes de Bangladesh que viraram jornaleiros em Nova York sabem a diferença entre uma coisa e outra.
O Frankenstein NYTBR aparece no título, uma vez no texto e na legenda que acompanha o artigo.
A memória dos editores do antigo Suplemento Literário do Estadão – onde escreviam os representantes do que o Brasil tinha de melhor em matéria de cultura –, não merecia esse insulto.
Sem falar na seguinte canelada da tradutora Maria de Lourdes Botelho no idioma português:
[O NYRB] ‘pode reivindicar para si o título da publicação indispensável do moderno mundo falante do inglês’. Mundo de fala inglesa, nem pensar.
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