Do governador fluminense Sérgio Cabral Filho ao site G1:
‘Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal.’
Manchete da Folha de ontem:/P>
‘Para Cabral, fertiidade faz de favela ´fábrica de marginais´’.
De Cabral à Folha:
‘Foi um erro da Folha. Eu não disse que a favela é uma fábrica de produzir marginal, como está na manchete. […] Não é a favela que é uma fábrica de produção de marginal, mas o fato de o Estado não ter uma política pública e não oferecer às mulheres pobres a chance de suspender a gravidez.’
A Folha errou?
Dependeria, à primeira vista, do que se entende pelo ‘isso’ na fala de Cabral ao G1. Eu entendo que ‘isso’ é o que a Folha pôs na manchete. Cabral estaria certo se a manchete fosse: “Para Cabral, favela é ‘fábrica de marginais.´’
A palavra ‘fertilidade’, no título, absolve o jornal. É o ‘isso’ a que o governador se referiu na entrevista polêmica – julguem-se como se queiram as relações que ele estabeleceu entre demografia, pobreza e criminalidade.
Para o Estado, por exemplo, Cabral ‘rebaixou a conversa de botequim, recheada de meias-verdades e preconceitos inteiros, a discussão, pertinente e infinitamente mais complexa’ daquelas possíveis relações.
Ou, como escreve o colunista Clóvis Rossi, na Folha:
‘Pode-se dar mil voltas à frase, mas ela equivale a dizer que pobre gera marginal e ponto final.’
É isso.