Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Atualização irregular prejudica blogs políticos do Globo Online


A Globo é a empresa brasileira que mais apostou no fenômeno blog como ferramenta para atrair leitores e diversificar a oferta informativa, mas uma análise, mesmo rápida, revela que o projeto perdeu boa parte do dinamismo inicial.


A maioria dos weblogs que compoem o portfolio do portal Globo Onoline mostra alguma irregularidade na atualização e uma crescente diferenciação entre conteúdos produzidos por profissionais ‘da casa’ e os blogueiros autônomos.


Os colunistas do jornal O Globo que ganharam weblogs mostram-se menos empenhados em usar as características da internet do que os autores independentes, aqueles cuja única janela é a rede.


Esta diferenciação fica bem clara quando se compara os blogs políticos de Ilimar Franco , Tereza Cruvinel, Jorge Moreno e Helena Chagas.


Ilimar e Helena são os blogueiros políticos do Globo Online que mostram mais irregularidade. Ele postou apenas um texto em abril e sete em março. Ela esteve de férias em abril e publicou apenas um post explicando como e porque foi citada pelo ex-ministro Palocci no escândalo caseiro. Em março foram apenas seis textos. É uma frequência baixa em se tratando de dois observadores da política em Brasília, onde pipocam escândalos um dia sim e outro também.


A atualização e a frequência são duas características chaves num blog porque influem decisivamente na formação de comunidades de leitores. Num ambiente em que existem pelo menos uns dez blogs especializados em política na web brasileira, a concorrência é forte e fatores como atualização e a busca de diferenciais passam a ser essenciais na fidelização dos visitantes.


Jorge Moreno e Tereza Cruvinel têm uma presença mais constante e nos últimos dois meses vem mostrando visíveis sinais de desconforto no trato da política brasileira, o seu ganha pão quotidiano. Provavelmente é um sinal de sanidade mental no meio do picadeiro em que se transformou o jogo do poder em Brasília.


Moreno parece cansado de falar sobre políticos e enveredou no seus quatro últimos posts pelo terreno da ironia e da paródia. Realimentou uma briguinha com seu concorrente Ricardo Noblat e se declarou em greve de fome para ironizar a atitude do ex-governador carioca Anthony Garotinho. O blogueiro do Globo disse que só voltaria a comer depois de receber um telefonema de Juliana Paes, o mais novo simbolo sexual tupiniquim.


Tereza também sofre os efeitos da mesmice política brasiliense e criou uma alternativa interessante. Conversa com seus leitores, algo bastante arriscado quando o assunto é política, dado o clima de passionalismo que cerca boa parte do debate entre governo e oposição.


Em matéria de conteúdos, os quatro do Globo Online mostram muito menos impacto e dinamismo que os blogs de Josias de Souza, da Folha de São Paulo, e de Ricardo Noblat, do Estado de São Paulo. No auge do escândalo mensalão, Moreno ainda conseguiu algumas informações exclusivas mas depois foi superado pelos seus concorrentes diretos.


Com exceção de Nobalt, todos os demais ainda continuam fortemente influenciados pela cultura do jornal impresso e principalmente das colunas assinadas.


Aos leitores – O mundo dos weblogs está crescendo vertiginosamente aumentando as dificuldades dos leitores na escolha de autores e na análise dos conteúdos publicados. Por isto, a partir de agora, vamos fazer uma observação crítica da blogosfera brasileira, ampliando o trabalho que o Observatório da Imprensa faz em relação aos jornais, revistas, rádio e televisão.


Os blogs estão assumindo rapidamente um papel importante na agenda informativa do público, por isto a observação passa a ser uma função indispensável na compreensão do noticiário. Não se trata de criticar pessoas mas sim identificar tendências. Não é um patrulhamento, mas sim uma contribuição para a contextualilzação de conteúdos, sabendo que ninguém é dono da verdade.