Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Candidatos correm para a Web e obrigam jornais a mudar de estratégia na cobertura das primárias norte-americanas.

Quem segue a campanha eleitoral norte-americana de perto já notou que os candidatos estão usando a velocidade da internet para chegar aos eleitores antes da imprensa, inclusive da televisão e do rádio.


 


Todos os candidatos, sem exceções, estão bombardeando os eleitores com notícias, que muitas vezes só são dadas na TV horas depois. O recurso é o correio eletrônico, as mensagens pelo sistema Twitter, os blogs e as mensagens instantâneas.


 


O candidato democrata nas primárias para a Casa Branca, Barak Obama, disparou quase 50 mil mensagens para simpatizantes e indecisos anunciando que receberá o apoio da família Kennedy, várias horas antes desta mesma notícia começar a circular entre os repórteres políticos, no início desta semana.


 


Os demais candidatos, além de usarem intensivamente o correio eletrônico e as mensagens instantâneas, estão abusando dos vídeos publicados no site YouTube. A senadora democrata Hillary Clinton e o republicano John McCain, também pré-candidatos à sucessão do presidente George W. Bush, são os que mais usam vídeos nas suas respectiva campanhas.


 


O uso intensivo do contato direto, via internet, dos candidatos com os seus eleitores e simpatizantes está obrigando os jornais e até a televisão a revisar suas estratégias de cobertura eleitoral porque estão perdendo a corrida pela notícia de atualidade.


 


Por conta disto, os conglomerados da mídia norte-americana estão deslocando maciçamente a cobertura factual para a internet, o que resolve um grande problema, mas acabou criando outro: o que publicar nos jornais e nos noticiários de televisão, tradicionalmente o grande palanque eletrônico ?


 


Para o professor de jornalismo e diretor da Escola de Comunicação da Universidade de Nova Iorque, Jay Rosen, a resposta é fácil: “Basta dar mais ênfase ao material analítico e investigativo, bem como à interatividade com o leitor”, diz ele no seu blog PressThink.


 


Só que na prática a coisa não é tão simples. A transição da atualidade para a análise a contextualização parece ter mexido com o humor das redações, tanto que a cobertura eleitoral da grande maioria dos jornais está morna, quase burocrática, enquanto a televisão ainda bate cabeça a procura de novos filões de audiência.


 


Os comentaristas políticos, editores de opinião e os colaboradores especiais é que podem sair ganhando nesta mudança de estratégia dos jornais, já que eles estavam perdendo a batalha do emprego para profissionais mais jovens, com maior intimidade com o manejo de bancos dados e planilhas digitais.


 


O também blogueiro e professor de jornalismo Howard Owens aponta um outro problema. Os partidos políticos estão usando comunicadores especializados para gerenciar fóruns online e comentários em blogs, criando ambientes de discussão de questões políticas e ocupando o espaço dos sites jornalísticos.


 


“A imprensa deve seguir o leitor e não ficar parada. Se ele quer interagir, as redações devem ir para a Web. O hábito de publicar primeiro na Internet deve ser uma regra obrigatória nas redações, e não um item opcional, negociável entre os editores” , diz Owens, no seu blog.