Está no site do UOL a primeira notícia do relatório da ONU sobre o aquecimento global, que acaba de ser divulgado em Paris.
É um despacho da agência Reuters. Confirma as expectativas registradas em várias notas deste blog sobre o assunto. Diz:
‘O painel climático da Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu nesta sexta-feira sua advertência mais forte sobre o impacto da atividade humana no aquecimento do planeta, aumentando a pressão para que os governos façam mais para combater o fenômeno.
O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), grupo com maior autoridade sobre aquecimento e que reúne 2.500 cientistas de mais de 130 países, prevê mais chuvas fortes, derretimento de geleiras, secas, ondas de calor e aumento dos níveis dos mares.
O texto final afirma ser ‘muito provável’, com mais de 90 por cento de probabilidade, que atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis, expliquem a maior parte do aquecimento nos últimos 50 anos.
O documento é mais duro que o último relatório, de 2001, quando o IPCC disse que a ligação era ‘provável’, com 66 por cento de probabilidade.
Os sinais de mudança variam de seca na Austrália a recorde de temperaturas na Europa durante janeiro, mês de inverno naquela região.
‘Dois de fevereiro de 2007 poderá ser lembrado como o dia em que o ponto de interrogação foi retirado da pergunta se as pessoas são responsáveis pelas mudanças de clima’, disse em entrevista coletiva Achim Steiner, chefe do Programa de Meio Ambiente da ONU.
Autoridades do IPCC entregaram o texto final, aprovado em debates durante a noite, na manhã desta sexta-feira.
Um sumário de 21 páginas com conclusões científicas para formuladores de políticas ressalta mudanças violentas, como um possível derretimento do gelo no oceano Ártico nos verões até 2100, e afirma ser ‘mais provável do que improvável’ que os gases do efeito estufa tenham tornado os ciclones tropicais mais intensos.
Autoridades da ONU afirmam esperar que o relatório leve governos – liderados pelos Estados Unidos – e empresas a fazerem mais para cortar as emissões, liberadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis em usinas de energia, fábricas e carros.
A ‘melhor estimativa’ do relatório do IPCC é a de crescimento das temperaturas entre 1,8 e 4,0 graus no século 21.
As temperaturas subiram 0,7 grau no século 20 e os 10 anos mais quentes desde o início dos registros, nos anos 1850, aconteceram desde 1994.’
Para quem acha pouco, tem a matéria do New York Times de hoje, apurada ontem em Paris, sob o título ‘Mesmo antes da divulgação, relatório sobre o clima mundial é criticado por excesso de otimismo’.
Bate com a competente matéria de Cristina Amorim, no Estado de hoje. Ela cita o reputado climatólogo alemão Stefan Rahmstorf, para quem o IPCC, embora esteja fazendo um trabalho ‘excelente’, tende a uma posição ‘cautelosa demais, em vez de alarmista.’
Rahmstorf é um dos sete especialistas que assinam um artigo na edição de hoje da revista americana Science, uma das duas mais importantes do gênero no mundo. [A outra é a inglesa Nature.]
E a repórter elabora, com base no artigo e no que já se sabia do relatório:
‘O dado [de que se pode afirmar com 90% de certeza de que o homem é responsável pela intensificação do efeito estufa] desmente quem diz que a Terra está apenas passando por mais um ciclo natural e que as atividades humanas têm pouco impacto no clima.’
Como diria o Zé Simão, mais direto do que isso, impossível.
P.S. Está na primeira página da edição de hoje do Guardian, de Londres:
‘Um grupo de lobby financiado por uma das maiores companhias de petróleo do mundo ofereceu US$ 10.000 por cabeça a cientistas e economistas para falar mal do relatório do clima.
Cartas enviadas pelo American Enterprise Institute, um grupo de estudos sustentado pela ExxonMobil e muito ligado ao governo Bush, ofereciam pagamento por artigos que ressaltassem os pontos fracos do trabalho do IPCC.’
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