Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘Nosso objetivo se chama Jornal Nacional’

As pesquisas pautam a mídia e o comando da campanha de Alckmin quer pautar o Jornal Nacional.

A ascensão de Heloísa Helena nas sondagens do Datafolha a fez “virar candidata”, como ela própria disse ontem. E pela primeira vez a senadora foi o prato do dia do noticiário eleitoral de hoje.

Mas a notícia mais quente do pedaço é a revelação de que os alckmistas querem “produzir notícias diárias que possam ganhar espaço no Jornal Nacional, da TV Globo”, como informa o Estadão – o único dos grandes jornais a contar a história.

O plano vazou porque, antes de serem convidadas a se retirar, as câmaras e microfones que registravam a inauguração do comitê central da candidatura em Brasília flagraram o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, dizendo:

“É preciso mobilizar para entrar no Jornal Nacional… O Álvaro [Dias, senador pelo PSDB do Paraná] tem razão: nosso objetivo se chama Jornal Nacional. Quem ganhar no Jornal Nacional ganha a eleição.”

Entre políticos de todas as cores, essa é o que os americanos chamam sabedoria convencional. Como não, se o JN é o produto jornalístico mais popular do Brasil?

De qualquer forma, o ponto relevante é outro. Visto que a mídia eletrônica, para não ser punida por facciosismo, procura dar oportunidades iguais de exposição aos candidatos, a sua agenda cotidiana e, principalmente, as suas palavras, são pensadas antes de tudo para aparecer nos telejornais. Ou melhor, no JN.

A campanha, portanto, se reduz ao que os especialistas chamam “eventos para a mídia”. Ou seja, factóides.

O que deixa os telejornais numa saia justa. Por serem as emissoras concessões do poder público, não podem passar a impressão de discriminar os candidatos, “para mais ou para menos”.

Mas nem por isso podem vender ao espectador gato por lebre – fatos postiços em lugar de notícias substantivas – só para fazer praça de sua imparcialidade.

Isso em geral. No particular, agora que se sabe que o objetivo tucano-pefelista, enunciado por Bornhausen, “se chama Jornal Nacional”, o espectador-eleitor mais atento ao espetáculo midiático da política deve assistir ao JN com os olhos mais abertos do que nunca, para ver se o jornal, querendo ou não, acaba servindo ao objetivo alckmista.

***

Os comentários serão selecionados para publicação. Serão desconsideradas as mensagens ofensivas, anônimas, que contenham termos de baixo calão, incitem à violência e aquelas cujos autores não possam ser contatados por terem fornecido e-mails falsos.