A reportagem do Valor, hoje, sobre a participação de Daniel Dantas na crise interna do PT mostra a hierarquia dos envolvidos direta ou indiretamente como freio ao desencadeamento de uma luta aberta. Os dirigentes partidários, ocupantes de altas funções no governo, desde a presidência da República, dão prioridade a suas lealdades de grupo, ao invés de se sentirem obrigados a dar satisfação ao país. Essa conta será paga, mas no momento são esses personagens que têm nas mãos as alavancas do poder.
Luiz Gushiken e José Dirceu, como outros menos graduados, se enfrentaram em seguidos duelos, onde houve golpes baixos ainda não revelados, mas até aqui todos se detiveram na soleira da porta do presidente Lula. É o que explica o cínico depoimento de ontem de José Genoíno, irmão do deputado beneficiário dos dólares da cueca.
Isso torna especialmente difícil a tarefa da mídia. Há poucos elos soltos nessa cadeia de cumplicidade. São os elos soltos que fazem vazar as informações sobre esquemas irregulares. Mas que ninguém se iluda: a mídia não está em condições de se erguer muito acima da sociedade para a qual trabalha e onde estão suas raízes.