A grande imprensa, aparentemente, não está com muita vontade de discutir a decisão do Superior Tribunal de Justiça, na terça-feira (27/4), de legalizar a adoção de crianças por um casal homossexual de Bagé, RS. Mais uma vez percebe-se um constrangimento da mídia em abrir um debate amplo para não parecer ‘politicamente incorreta’.
Ora, a função da mídia é recusar os tabus, especialmente quando se trata de um caso que deverá ser levado ao Supremo Tribunal Federal. A união civil de homossexuais tem sólida base legal e racional: nada pode impedir o livre arbítrio de dois adultos de viverem maritalmente. Mas a adoção de crianças por casais gays é ainda muito controversa, envolve terceiros.
Manter o assunto fora da pauta de debates contraria os compromissos da mídia com a sociedade, pois a discrição leva ao sigilo e o sigilo entrava o amadurecimento social.
Importante, além disso, é evitar que a polêmica fique restrita ao âmbito religioso. Crentes e descrentes, sobretudo estes que não dispõem de púlpitos, devem se manifestar.
Politicamente incorreta é a imprensa que não consegue assumir-se como tribuna livre.