O inovador mecanismo de buscas, criado em 1998 por dois universitários norte-americanos, há muito deixou de ser apenas uma ferramenta para localizar informações na Web. É a empresa mais valorizada na Internet mundial, cresce sem parar e começa a se transformar num revolucionário veículo de comunicação de massas, tal a sua capacidade de agregar conhecimentos e informações. O Google monitora regularmente mais de 8,6 bilhões de páginas na Web, numa atividade considerada mecânica, já que é executada basicamente por micro-robôs eletronicos chamados crawlers e por gigantescos bancos de dados onde a informação recolhida pelos robôs é indexada para buscas. Mas como hoje ninguém consegue navegar na Web sem a ajuda de um mecanismo de buscas, o Google e o seu principal concorrente, o Yahoo, acabaram se transformando também em canais de informação, pois é através deles que milhões de pessoas acabam tendo acesso à notícia, como no caso dos jornais, radios e TVs. A ofensiva do Google não parou aí. Há dois anos a empresa, que se propõe a organizar toda a informação existente no mundo, criou um sistema automático de publicação de notícias baseado na varredura de 4.500 jornais no mundo inteiro, virtualmente decretando a morte das agências noticiosas. O fato de ocuparem um lugar estratégico na encruzilhada da informação fez com que os sistemas de buscas passassem a roubar publicidade dos veículos jornalisticos tradicionais. A receita publicitária dos quatro principais mecanismos de buscas ainda corresponde a uma fração do faturamento global dos grandes impérios jornalisticos norte-americanos, mas cresce a um ritmo cinco vêzes mais rápido. O gigantismo e a importância assumidos pelos mecanismos de busca criarm uma série de dilemas para o jornalismo contemporâneo. Em primeiro lugar, eles não seguem os mesmos valores da imprensa e nem tem o mesmo compromisso com a idoneidade e credibilidade da notícia. Segundo não há contextualização, ou seja identificação de causas e consequências. O chamado jornalismo automático ou robonews é um mero sistema de triagem eletrônica de notícias. Não há editores e nem repórteres para avaliar uma informação. Como o mecanismo foi concebido basicamente para varrer textos num número reduzido de idomas, o português, por exemplo não foi incluido. Com isto, todas as notícias sobre Brasil são informações de segunda mão, extraídas de jornais em inglês. Apesar da maioria esmagadora dos jornalistas torcerem o nariz para o Google News e seus concorrentes Topix e MSN Newsbot, estes sistemas estão conseguindo ampliar rapidamente sua clientela por conta do baixíssimo custo de seus serviços, o que os torna muito atraentes para milhares de páginas web que desejam incorporar valor à informação que transmitem. O gigantismo do Google ofuscou a outrora toda poderosa Microsoft e seu criador Bill Gates. Com um valor de mercado estimado em 86 bilhões de dólares, a empresa dos jovens bilionários Larry Page e Sergei Brin tem planos que provocam arrepios em muita gente, como o controvertido projeto de digitalizar o conteúdo dos livros das mais importantes bibliotecas universitárias dos Estados Unidos. O projeto está suspenso até novembro, diante da hostilidade generalizada, mas Page e Brin, aparentemente não desistiram. Ocupando manchetes na mídia quase diariamente, a Google ainda não conseguiu atingir seu megalômano projeto de organizar o conhecimento mundial, mas nunca na história da humanidade uma organização privada chegou tão perto.