Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A guerra por posições no mundo das comunidades sociais

Ao lançar o seu novo programa Buzz, a empresa Google deixou claro Google Buzz - Home Pageque está disposta á uma guerra aberta para ocupar uma fatia do espaço ocupado pelas comunidades sociais na internet. O Google Buzz tromba de frente com o Facebook e Orkut, atingindo indiretamente também o Twitter.


 


Trata-se de uma briga de cachorros grandes porque o Facebook alega ter quase 400 milhões de usuários enquanto o Gmail, a plataforma de correio eletrônico sobre a qual se apóia o Buzz tem em torno de 140 milhões de inscritos.


 


Neste confronto existem duas áreas críticas:


a)     Imagem pública – Facebook e Google querem capturar a maior parte possível do tempo de conexão dos internautas à Web para disputar a liderança de acessos;


b)     Faturamento publicitário – Ao conquistar a preferência dos usuários as empresas se posicionam como plataforma privilegiada para a inserção de publicidade paga.


 


A guerra verdadeira está no item B . A Google teve uma receita bruta de 6,7 bilhões de dólares no último trimestre de 2009 enquanto o site Facebook, que não tem ações em bolsa, faturou cerca de meio bilhão de dólares em todo o ano passado, segundo a newsletter Sillicon Alley Insider, especializada em negócios no Vale do Silício.


 


A diferença é abissal mas a Google quer ocupar todos os espaços, por menores que sejam,  para impedir o crescimento do Facebook, mesmo iniciando a guerra numa posição de desvantagem. Apesar da enorme diferença no faturamento, a gigante no mercado de buscas na Web, tem menos usuários que a rede criada por Mark Zuckerberg.


 


O GoogleBuzz combina correio eletrônico e rede social ao transformar os contatos inseridos no Gmail como seguidores das mensagens que você coloca no programa. Numa mesma plataforma você troca emails, mensagens, fotos, vídeos e pode conversar via chat.


 


Neste corrida para fechar espaços para a concorrência, a Google começa a atropelar os próprios produtos, já que o programa Wave, lançado há poucos meses, vai sofrer também as conseqüências da entrada do Buzz. O Wave estava voltado para o compartilhamento de mensagens de correio eletrônico, textos, áudio e vídeo. 


 


Já na semana de lançamento surgiram dúvidas sobre a privacidade dos usuários do Buzz, já que o programa coloca automaticamente todos os contatos como seguidores, tornando pública a lista de pessoas com as quais o internauta se relaciona. Para empresas, isto pode ser um problema grave e a Google apressou-se em eliminar o bug, mas sem dar muita publicidade à correção.


 


Para os usuários é mais uma novidade na praça e mais um software que precisa ser destrinchado e avaliado. Os nerds fazem isto com prazer, mas os usuários comuns acabam resistindo à novidade pela carga de trabalho extra que acarreta a quem já está familiarizado com o Facebook, Orkut, MySpace ou com o Twitter.


 


Estrategicamente, o avanço da Google na área das redes sociais reforça a idéia de que a empresa quer dominar a Web de forma incontestável. Afinal, o seu lema é um primor de ambição: “organizar a informação existente no mundo”. O problema é que ter toda a informação disponível no planeta significa também dar à empresa um poder inédito em matéria de condicionamento das percepções das pessoas.


P.S. Este post já havia sido publicado quando recebi a informação de que a Google está pesquisando um sistema para turbinar conexões de banda larga. O sistema entrará em testes em cidades norte-americanas com até meio milhão de habitantes e seguramente vai inaugurar uma nova zona de conflito, agora com as operadoras telefônicas. Criando tantos desafetos ao mesmo tempo, a Google corre o risco de dispersar suas forças e perder competividade com empresas menores, mas mais focadas no seu negócio.