Criticando aquilo que denominou de ‘diplomacia vira-latas’, o presidente Lula, mais uma vez, cria um ‘causo’ de ciúmes e indignação na mídia pró Demo (antigo PFL)-Tucana. A reação indignada veio do Estado de S.Paulo (‘Opinião’, 22/4/2010l) que, vestindo a carapuça e as dores, partiu para o ataque. E, em um estilo chulo e desrespeitoso, tenta defender o indefensável. A política externa de FHC.
Na falta de um argumento justo e digno de nota sobre os avanços da política externa de FHC, o Estadão parte para a estratégia banal e calhorda desqualificar o inimigo usando uma argumentação de tititi de boteco, ou como preferirem, trololó.
Afirma o Estadão algo mais ou menos assim: ‘Pelo menos, FHC não condecorou sua esposa’. Tirando o foco argumentação principal do presidente Lula sobre seus predecessores – a submissão e o complexo de inferioridade – que levam até ministros de Estado a tirar os sapatos em aeroporto.
A velha senhora, o Estadão, tenta a todo custo levar seus leitores funcionais para outra esfera que não o debate comparativo entre as políticas do ex-FHC e Lula. Prefere destilar preconceitos em comparações pseudo-culturais entre um e outro. Lula em momento algum citou FHC, Lafer ou outros nomes da alegre trupe tucana que desfilavam mesuras nos salões das metrópoles. Lula nunca chamou os brasileiros de caipiras ou aclamou emocionado seus anfitriões com um Vive La France ao receber mais uma comenda encomendada pelo protocolo.
Presidentes passam, mas as nações ficam
Parlamentares brasileiros, entre eles Ulisses Guimarães, chegaram a ser revistados aqui no Brasil, quando da passagem de Bush pai pelo planalto. Collor de Melo chegou a oferecer mulatas à comitiva norte-americana, para que fossem apreciadas como objeto exótico que eram, sob o aplausos da mídia vira-lata que hoje vive e vende preconceitos por onde passa.
O Estadão volta-se à velha cantilena de Hugo Chávez e Cuba e insinuando, como sempre, as afinidades ideológicas entre Lula e os demais. Descambando para o óbvio e o ridículo nas comparações. Buscando na fofoca e trotoló rasteiro insuflar o preconceito enrustido seus leitores funcionais. Esquece-se o Estadão que se Lula fosse Chávez mídias golpistas já estariam fechadas no Brasil, pois quem tem 80% de aprovação popular em final de mandato pode muita coisa. Se fosse comunista, Lula não teria feito tanto para o Brasil finalmente ter uma sociedade de consumo de massa com a sua política de inclusão e expansão de crédito e renda, ampliando o acesso ao mercado de consumo e enchendo os bolsos dos capitalistas locais e transacionais.
Possíveis revolucionários fabricados pela política anti-povo da era FHC transformaram-se em consumidores de mercadorias e serviços.
Brasil e Venezuela possuem interesses em comum com o mercado da América do Sul e Caribe. Cuba, por outro lado, ao seu modo, tenta uma linha de negociação com os EUA. Sendo o Brasil e Lula convidados pelo presidente Obama para mediar o diálogo, aliás não só com Cuba, mas com a Venezuela de Chávez também. Pois Obama sabe da importância do diálogo com o seu principal fornecedor de petróleo, sabe também que esse jogo com Cuba está para lá de anacrônico e ambos tentam, seguindo um ritmo próprio, amenizar as diferenças. E todos sabem que os presidentes passam, mas as nações ficam e o futuro, assim como o presente é de globalização e não exclusão entre as nações.
Que nos remete a citar o presidente Clinton, o preferido de FHC e do Estadão: ‘A questão é econômica, idiota!’
‘Criamos ciúmes e inveja’ – presidente Lula.
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Psicólogo, Curitiba, PR