A imprensa nacional deu pouca ou nenhuma atenção ao editorial de domingo (18/4) do New York Times.
Os Estados Unidos negociaram e assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos da qual constam as seguintes regras:
‘Artigo V – Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo VI – Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.’
Esta iniciativa legislativa mencionada no NYT contraria a letra e o espírito da norma internacional. Portanto, pode ser interpretada como uma afronta deliberada à comunidade internacional. Os legisladores americanos que aprovaram esta lei estão dizendo ao mundo: nós fazemos o que queremos e não nos submetemos a quaisquer regras internacionais assinadas pelos EUA.
Trata-se de uma verdadeira declaração de guerra ao mundo civilizado. Nossa imprensa ficou em silêncio por que somos incivilizados?
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O que eu tenho estranhado na imprensa em geral é que, de repente, mas de maneira até coordenada, os fatos do Rio de Janeiro saíram da cena. Não se fala mais no morro do Bumba, nem nas vítimas, nem na ajuda que precisam ou recebem, as providências práticas dos governos municipais, estadual e federal… Parece que não houve nada mais sério, assim como não se fala em São Luiz do Paraitinga, em Ilha Grande, em Santa Catarina. O pós-fato parece não existir. Há uma necessidade de substituição da notícia, mas não da continuidade da informação. É triste. Os mandatários, assim, somente se sentem pressionados pelos dias iniciais, quando tudo está em ebulição; depois vai tudo para uma vala comum, para o esquecimento. E vão pessoas e esperanças junto. Por que não há continuidade da informação? (Jorge Pereira Lima, contador, Santos, SP)
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Semana passada a governadora do estado americano do Arizona sancionou uma lei para, supostamente, combater a imigração ilegal no seu Estado. A natureza racista da lei é evidente. Se o propósito do Arizona fosse combater a imigração ilegal a Lei deveria punir de maneira rígida os cidadãos norte-americanos que contratam o trabalho dos imigrantes em situação ilegal.
A Rede Globo noticiou o fato de uma maneira burocrática. Nem se deu ao trabalho de questionar os argumentos da governadora. Preferiu não mostrar a natureza racista da lei que transformou automaticamente em criminosos os imigrantes latino-americanos. A aprovação desta Lei dá carta branca para a polícia do estado prender, espancar e até executar todo e qualquer latino-americano que for considerado suspeito ou que tentar ‘resistir’ à abordagem policial. E por isto enviei a Câmara dos Deputados a seguinte mensagem:
‘Caro Deputado,
Todos nós vimos esta semana que o estado norte-americano do Arizona aprovou uma lei claramente racista que vai afetar milhares de brasileiros que estão tentando ganhar a vida nos EUA. Em razão disto solicito a esta Câmara que aprove uma lei proibindo cidadãos do Arizona de entrar no Brasil enquanto aquele estado norte-americano não revogar a legislação racista que adotou.’
Se a mídia não tem coragem de combater o racismo, os cidadãos devem se prontificar a fazer o que é necessário. (Fábio de Oliveira Ribeiro)
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Advogado, Osasco, SP