A coluna de 6/2 do ombudsman do Washington Post, Michael Getler, trata de um artigo de moda publicado no caderno In Style, em que o vice-presidente americano, Dick Cheney, era criticado pela roupa que vestia na cerimônia do 60º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, realizada no gélido interior da Polônia. Sob uma foto em que ele aparecia num casaco do tipo parka, com capuz de pele e seu nome bordado, ao lado de outros líderes mundiais em trajes muito mais sóbrios, a colunista Robin Givhan observava que Cheney estava vestido como se fosse limpar neve na rua. Sobre o nome bordado no casaco, a jornalista comentou que aquilo a lembrava ‘do modo como crianças têm suas roupas identificadas quando são mandadas para acampamentos’, concluindo que o vice parecia mesmo um garoto entre os ‘adultos mais bem vestidos’.
Getler escreve que a abordagem da colunista desagradou a vários leitores. Alguns se queixaram do fato de ela comentar o modo como estavam vestidos os presentes a uma cerimônia tão séria como aquela ocorrida na Polônia, julgando a ocasião imprópria para este tipo de observação. Outros lembraram que Cheney já teve múltiplos ataques cardíacos e por isso poderia estar sob cuidados médicos. Levantou-se até a possibilidade de que o casaco era grande porque ele poderia estar vestindo um colete à prova de balas.
A razão pela qual o traje do vice estava tão destoante do de seus colegas só ele pode explicar. O ombudsman perguntou a Robin se ela tentou entrar em contato com sua assessoria e saber o que havia acontecido, mas ela respondeu que o motivo, na verdade, não importava para sua coluna. Ela até teria pensado em fazer a consulta, mas acabou chegando à conclusão de que deveria analisar a foto de Cheney em Auschwitz do mesmo modo como faz com todas as outras que comenta. O fato é que, por um motivo ou por outro, ele havia estado num evento público com uma roupa cuja adequação é questionável.
Getler opina que a coluna foi válida e que o caso é um bom exemplo de como os críticos fazem suas análises, mesmo que elas possam parecer duras àqueles que as desaprovam. Ainda assim, por acreditar que não custaria nada averiguar se havia algum motivo especial para Cheney estar com aquela roupa, ele tentou entrar em contato com assessores do vice, mas ninguém quis dar uma versão oficial e ser identificado por isso no jornal. ‘Eu diria que simplesmente estava muito frio’, conclui.