Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Passageiros transformam-se em repórteres amadores no vôo AS 536


Nesta segunda feira (26/12) os passageiros de um avião da Alaska Airlines acabaran nos telejornais norte-americanos como repórteres amadores e não como vítimas. Vários deles documentaram uma quase tragédia no vôo AS 536 usando máquinas fotográficas e filmadoras digitais, telefones celulares com câmeras e até laptops conectados à internet.


Não foi a primeira vez que cidadãos comuns usaram equipamentos eletrônicos para documentar acidentes e tragédias de grandes proporções. O que impressionou foi a quantidade de pessoas que num momento de grande tensão preocuparam-se também em fotografar, filmar e narrar o drama que estavam vivendo, numa reação típica de um repórter profissional.


O avião da Alaska Airlines perdeu parte da fuselagem em pleno vôo provocando uma descompressão súbita que gerou pânico entre os 140 passageiros. O piloto conseguiu voltar ao aeroporto e o incidente teria acabado aí, se os relatos do incidente feitos por passageiros, como o blogueiro Jeremy Hermanns , não tivessem gerado uma avalancha de novos dados e informações.


Os repórteres amadores descobriram, por exemplo, que o buraco aberto na fuselagem à 10 mil metros de altura foi provocado por uma trombada de um trator de bagagens quando o avião MD-80 ainda estava parado no aeroporto de Sea-Tac , na cidade de Seattle.


A enxurrada de informações continuou quando outro passageiro postou um comentário no blog de Jeremy revelando que o veículo causador do acidente pertencia a uma empresa terceirizada ilegalmente porque a Alaska Airlines estavam em litígio com a operadora credenciada. Logo depois surgiu um funcionário que colocou mais lenha na fogueira ao afirmar que seus colegas não sabiam manejar o equipamento de carga e descarga de bagagens.


Tudo isto em questão de horas, quando os jornais e televisões de Seattle ainda tentavam entender o que havia acontecido com base em depoimentos convencionais dos donos da Alaska Airlines, operadores do aeroporto e testemunhas. Quando os jornalistas descobriram o site de Jeremy Hermanns o caso passou a ser coberto a partir dos blogueiros e imediatamente surgiu outra polêmica, desta vez entre editores, envolvendo um bate boca sobre a credibilidade dos relatos e informações postadas por cidadãos transformados em repórteres amadores por força das circunstâncias.


Uma quase tragédia que mereceu pouco destaque na imprensa convencional, acabou sendo o tititi de dezenas de blogs  e sites especializados  em temas da imprensa nos Estados Unidos.


Casos como este mostram que já é impossível ignorar o fenômeno do jornalismo praticado por cidadãos comuns.  Não só os profissionais não podem competir com os amadores em matéria de onipresença como ambos dispoem hoje quase do mesmo tipo de equipamento e facilidades de comunicação.


O relacionamento entre profissionais e amadores na coleta, processamento e distribuição de notícias é um dos grandes dilemas atuais do jornalismo e da própria sociedade, pois ela depende hoje de informações mais do que em qualquer outra época histórica.


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