Para Luis Nájera, os problemas começaram quando ele passou a cobrir, para o jornal Reforma, a ação dos cartéis da droga na cidade mexicana de Ciudad Juárez, uma das mais violentas do mundo. As denúncias que fez despertaram a ira dos traficantes. Quando o exército foi mandado para a região, Nájera noticiou também abusos e crimes cometidos por militares. Descobriu-se ameaçado por ambos os lados. Percebeu que devia fugir quando começaram os telefonemas intimidadores e quando sua mulher foi alvo de perseguição e ameaças veladas.
– Soube que nossa vida estava em risco. A situação era pior do que nunca. Insustentável. Eu me encontrava encurralado entre duas frentes: o crime organizado e o crime oficial – relata.
Nájera fugiu para o Canadá com a mulher e os três filhos. A bagagem limitava-se a algumas mudas de roupa. Deixou para trás a casa, que acredita ter sido tomada pelo banco. Perdeu até as fotos do casamento e dos filhos quando crianças. No novo país, enfrentou momentos de depressão. Hoje, trabalha fazendo a limpeza de escritórios à noite. A mulher, com 12 anos de experiência em gestão de recursos humanos, também faz faxinas.
Para o fotógrafo Ehsan Maleki, o imperativo de cumprir sua missão como jornalista falou mais alto do que o perigo. Ele foi às ruas para cobrir os protestos que se seguiram à controvertida eleição do ano passado no Irã. Era uma decisão ousada. O governo havia proibido notícias sobre os protestos, e os próprios empregadores do fotógrafo orientaram-no a não trabalhar. Três jornalistas já haviam sido agredidos. Mesmo assim, Maleki levou sua máquina fotográfica ao coração das manifestações.
– Eu sentia que era um momento muito importante na história do meu país e que não podia perdê-lo, mesmo que não publicassem minhas fotos. A única coisa que podia fazer era sair à rua. Não queria lamentar depois o fato de nem sequer ter tentado – explica.
Maleki acabou preso. Por sorte, conseguiu esconder a câmera antes, o que garantiu que fosse solto. Logo soube que um colega também detido havia sido torturado pelos agentes do regime. Dias depois, viu-o na TV, confessando ser um espião.
– Nesse momento, compreendi que não podia mais continuar no país – conta Maleki, expatriado na França.
Vida difícil em um novo país
Para Luis Nájera, os problemas começaram quando ele passou a cobrir, para o jornal Reforma, a ação dos cartéis da droga na cidade mexicana de Ciudad Juárez, uma das mais violentas do mundo. As denúncias que fez despertaram a ira dos traficantes. Quando o exército foi mandado para a região, Nájera noticiou também abusos e crimes cometidos por militares. Descobriu-se ameaçado por ambos os lados. Percebeu que devia fugir quando começaram os telefonemas intimidadores e quando sua mulher foi alvo de perseguição e ameaças veladas.
– Soube que nossa vida estava em risco. A situação era pior do que nunca. Insustentável. Eu me encontrava encurralado entre duas frentes: o crime organizado e o crime oficial – relata.
Nájera fugiu para o Canadá com a mulher e os três filhos. A bagagem limitava-se a algumas mudas de roupa. Deixou para trás a casa, que acredita ter sido tomada pelo banco. Perdeu até as fotos do casamento e dos filhos quando crianças. No novo país, enfrentou momentos de depressão. Hoje, trabalha fazendo a limpeza de escritórios à noite. A mulher, com 12 anos de experiência em gestão de recursos humanos, também faz faxinas.
Para o fotógrafo Ehsan Maleki, o imperativo de cumprir sua missão como jornalista falou mais alto do que o perigo. Ele foi às ruas para cobrir os protestos que se seguiram à controvertida eleição do ano passado no Irã. Era uma decisão ousada. O governo havia proibido notícias sobre os protestos, e os próprios empregadores do fotógrafo orientaram-no a não trabalhar. Três jornalistas já haviam sido agredidos. Mesmo assim, Maleki levou sua máquina fotográfica ao coração das manifestações.
– Eu sentia que era um momento muito importante na história do meu país e que não podia perdê-lo, mesmo que não publicassem minhas fotos. A única coisa que podia fazer era sair à rua. Não queria lamentar depois o fato de nem sequer ter tentado – explica.
Maleki acabou preso. Por sorte, conseguiu esconder a câmera antes, o que garantiu que fosse solto. Logo soube que um colega também detido havia sido torturado pelos agentes do regime. Dias depois, viu-o na TV, confessando ser um espião.
– Nesse momento, compreendi que não podia mais continuar no país – conta Maleki, expatriado na França.
Profissionais assassinados
No ano passado, os assassinados no exercício do jornalismo foram 99, segundo a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias – 29 a mais do que em 2008. Desde o começo da década, já são cerca de 500 as mortes. O país mais letal para repórteres em 2009 foi as Filipinas, com 37 assassinatos. Destes, 30 foram massacrados na manhã de 23 de novembro, em um dos mais brutais atentados à liberdade de imprensa já perpetrados. Eles foram mortos em uma emboscada contra um grupo que viajava para manifestar seu apoio a um candidato oposicionista, na província de Maguindanao. No total, morreram 57 pessoas. Os jornalistas acabaram massacrados para que testemunhos do morticínio não fossem publicados. Os corpos foram encontrados em covas rasas, muitos deles decapitados e mutilados (foto acima). Depois das Filipinas, Somália e México são os países com mais assassinatos no ano passado: nove em cada país.