Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Humorista liberal enfrenta a Fox News

Na semana passada, o comediante Jon Stewart, que apresenta o programa Daily Show, que mistura humor e jornalismo, conseguiu um feito que os apresentadores do Fox&Friends, programa matutino sério do canal conservador Fox News, não conseguiram: sua equipe ligou para a Casa Branca para esclarecer uma dúvida.

O Fox&Friends insinuou, repetidas vezes, que o logotipo de um encontro de segurança nuclear era uma ‘imagem islâmica, escolhida pelo presidente americano Barack Obama’. Procurada pelo Daily Show, a Casa Branca esclareceu que, na realidade, a imagem foi baseada no modelo atômico de Rutherford-Bohr. ‘Este é o jeito severo que a Fox age no ataque ao presidente’, afirmou Stewart.

Mas quando o assunto é a cobertura política da Fox News, o comediante também se torna severo. Desde que Obama assumiu a presidência, Stewart frequentemente monitora o que o maior canal a cabo dos EUA exibe. Como observou o apresentador Bill O’Reilly, da Fox News, Stewart é um ‘crítico devoto’ do canal.

Na semana passada, o contrato do comediante foi renovado até 2013 pelo canal Comedy Central. Combinando o sarcasmo de um humorista e a seriedade de um professor de jornalismo, Stewart rotineiramente afirma que os âncoras e comentaristas da Fox distorcem as políticas de Obama e promovem interesses conservadores. ‘Ele faz um grande trabalho ao usar o humor para expor a tragédia que é a Fox News’, diz Eric Burns, presidente do grupo de esquerda Media Matters.

Pé de guerra

Os trechos do Daily Show críticos à Fox são repetidos milhares de vezes por blogs e sites, o que amplia a audiência de Stewart. ‘A crítica de mídia tornou-se parte de sua marca’, opina Mark Jurkowitz, diretor do Project for Excellence in Journalism, acrescentando ainda que ele já teve como alvos a CNN e a CNBC. No entanto, a campeã de críticas continua sendo a Fox News. Segundo o site do programa, a rede foi tema de 24 quadros somente este ano; a CNN, de apenas cinco.

Em muitos deles, Stewart questiona as práticas jornalísticas do canal. Em janeiro, ele observou que, ao contratar a republicana Sarah Palin como analista política , ‘a Fox estava funcionando como seu braço de mídia para respostas rápidas e ainda a pagando pelo privilégio do cargo’. Em fevereiro, ele notou que a rede parou de exibir o elogiado encontro de Obama com líderes republicanos, enquanto a CNN e a MSNBC divulgaram o episódio do início ao fim. No mês seguinte, ele ridicularizou a âncora Megyn Kelly por alinhar convidados que eram críticos à reforma do sistema de saúde e por alegar que pesquisas revelavam que a população americana tinha a mesma opinião. Informações de Brian Stelter [New York Times, 23/4/10].