Um funcionário do Vaticano acusou o New York Times de não ter ‘imparcialidade na cobertura sobre o papa Bento 16’. O arcebispo do Brooklyn pediu aos fieis que cercassem a redação do jornal, em Manhattan, e enviou uma mensagem afirmando que a Igreja Católica não iria mais ser seu ‘saco de pancadas pessoal’. Artigos em outros jornais também criticaram o diário. ‘Falsidade em cima de falsidade’, escreveu o reverendo Raymond J. De Souza, padre e professor da Univesidade Queen, de Ontario, no canadense National Post.
Centenas de pessoas escreveram para o ombudsman do NYTimes, Clark Hoyt, como ele detalha em sua coluna de domingo [25/4/10]. ‘Fico irado cada vez que o NYTimes denigre intencionalmente a Igreja Católica, o papa e os bispos’, desabafou o leitor Richard Kelly. Muitos leitores viram a cobertura como um ataque direto ao papa. No entanto, a maior parte das críticas não se sustenta, diz Hoyt.
Escândalos
Quase sozinho em toda a mídia tradicional, o NYTimes vem cobrindo o amplo escândalo de abusos sexuais da Igreja, que nos últimos meses expandiu-se até a arquidiocese alemã de Bento 16. Mas um artigo publicado no mês passado atingiu um tema extremamente delicado. Com base em documentos de uma ação legal, a matéria descrevia como bispos, padres e o Vaticano lidaram com o caso do padre Lawrence Murphy, de Milwaukee, acusado de molestar cerca de 200 meninos surdos, dos anos 50 aos 70. Funcionários do Vaticano, incluindo o Papa, quando era apenas cardeal, não excomungaram o padre Murphy, mesmo com repetidos alertas de bispos americanos.
Alguns leitores acusam o NYTimes de ser anticatólico e perguntam por que não é dado o mesmo espaço para falar sobre abusos sexuais em escolas ou em outras religiões. No entanto, seria irresponsável continuar a ignorar tais acusações na Igreja Católica, defende o ombudsman. Por mais doloroso que seja para os fieis, o jornal tem a obrigação de ir onde a notícia está, nem que seja até a porta do papa.