Uma propaganda na TV, exibida especificamente na semana de carnaval, me chamou a atenção. Nenhuma novidade, o alerta é o mesmo todos os anos. Carnaval chegando, ‘use camisinha’. Fiquei impressionada com o número de preservativos que distribuídos pela Secretaria de Saúde somente no Paraná: 400 mil preservativos, e destes, 100 mil no litoral do estado.
Os alertas pré-carnavalescos contra a Aids não têm resultado significativo nenhum. Como todos sabem, o índice de Aids por relação sexual só fez aumentar nos últimos anos. A propaganda no período do carnaval é bem-intencionada, quanto a isso não há dúvida, porém não surte efeito. Então, por que insistem em alertar uma parcela da população que insiste em não dar atenção? Programas de prevenção, assim como inserções da propaganda na TV e a compra dos preservativos, representam um certo custo ao governo. Já que não se tem o retorno esperado, por que não investir esse dinheiro ‘desperdiçado’ em outros projetos sociais?
Adultos
Quanto mais se alerta sobre a Aids no carnaval, mais infectados surgem. Aí entra uma dúvida. Essa propaganda dita preventiva não seriam uma espécie de incentivo ao sexo? Por que a mídia coloca o carnaval como sinônimo de sexo? Por que o litoral do Paraná vai receber um quarto dos preservativos no carnaval? O carnaval é uma festa, praia é local preferido de adolescentes e famílias para as férias, e sexo já é outro departamento. Queria entender por que a mídia engloba esses três conceitos em um, não dando opção para que alguém pense diferente do que é imposto pela TV.
Bom, dúvidas aparte, o problema é entender por que o índice de Aids ainda aumenta, mesmo com todo o gasto que o governo investe nessa campanha contra a Aids carnavalesca. Dizem que o brasileiro não valoriza o que é gratuito. E se os preservativos não fossem mais distribuídos, e sim comprados pelos interessados, será que os resultados seriam mais significativos? E se não existissem mais os anúncios contra a Aids, o incentivo ao sexo sem amor seria reduzido. E o cidadão tomaria consciência de que o Estado não tem obrigação de cuidar da saúde de cada um – já que o pretexto de ignorar como se contrai a Aids não convence mais.
Chega de gastar dinheiro público em campanhas sem resultado. Será que cada um não é adulto o suficiente para saber o que é certo ou errado? Quando isso acabar, talvez as coisas se normalizem e os três conceitos voltem a ter vida própria em separado.
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Estudante de Jornalismo, Cascavel, PR