No dia 26/1/05, 37 soldados americanos morreram no Iraque, 31 deles com a queda de um helicóptero. Foi o dia com maior número de baixas para os EUA, desde que invadiram o país. Na semana passada, os líderes de Israel e Palestina, num encontro histórico, deram nova chance ao processo de paz. Ambos os acontecimentos, segundo comenta o ombudsman do Washington Post [13/2/05], Michael Getler, foram chamada principal da maioria dos grandes jornais americanos. No entanto, no Post, apesar de também aparecerem na capa, acabaram saindo abaixo de outras notícias domésticas.
As baixas no Iraque perderam a posição de maior destaque para um novo sistema de administração de pessoal que o departamento de Segurança Interna pretende implementar, o que poderia afetar milhares de funcionários civis de diversas agências federais. O encontro entre Mahmoud Abbas e Ariel Sharon, por sua vez, saiu abaixo de uma chamada que apontava que o governo gastaria até US$ 1.2 trilhão com o programa de subsídio de medicamentos Medicare.
Getler comenta que ele, bem como alguns leitores que lhe escreveram a respeito, teve a sensação de que os temas do Iraque e da negociação Israel-Palestina deveriam ter sido as grandes manchetes do dia. Mas os editores do diário têm argumentos em contrário. O editor administrativo Phil Bennett destaca que o Post não é a única fonte de informação dos seus leitores. As mortes no Iraque e a negociação de paz ocorrida no Egito foram noticiadas amplamente em outros meios e, de qualquer forma, do modo como saíram no jornal, dificilmente alguém deixaria de tomar conhecimento delas. Além disso, o encontro de Sharon e Abbas havia sido noticiado anteriormente em outras matérias de capa, ou seja, o público já sabia o que iria acontecer. O editor-executivo, Leonard Downie Jr, aponta que a maioria dos 37 soldados mortos no Iraque foram vítimas de um acidente, e que a mudança no departamento de Segurança Interna é de grande interesse para ‘muitos, muitos leitores’. Downie defende o destaque dado à reportagem sobre o Medicare argumentando que ela mostra de forma ‘brilhante’ que o alto gasto em que o programa implica é uma decepção para os partidários do presidente George W. Bush, que defendem a redução da presença do Estado.