Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Correspondentes da BBC detidos e agredidos

Forças de segurança de Muammar Gaddafi abusaram física e psicologicamente de três correspondentes da BBC, durante 21 horas, depois de terem sido detidos quando tentavam chegar a Zawiyah, cidade perto de Trípoli, na Líbia. Os repórteres disseram ter sido agredidos com socos e coronhadas, ficaram encapuzados e sofreram simulações de execução.


Um dos jornalistas, Feras Killani, contou que viu evidências de tortura nos rostos e corpos de outros prisioneiros. O correspondente Goktay Koraltan disse que a maioria estava com vendas e algemas muito apertadas. ‘Não posso descrever o quão ruim era. Eles estavam em agonia e gritando’, afirmou. ‘Fomos enfileirados contra a parede. Eu fui o último, de frente para a parede’, contou Chris Cobb-Smith, o terceiro correspondente. ‘Vi um homem à paisana com uma arma, apontando para o pescoço de todos’.


Os jornalistas disseram que Killani, que é descendente de palestinos, foi acusado de ser um espião e agredido diversas vezes. ‘Um dos detidos disse que tinha duas costelas quebradas. Eu fiquei seis horas ajudando-os a beber, dormir, urinar e se locomover’, contou Killani. Um dos correspondentes conseguiu ter acesso a um celular e falar com a BBC, que pressionou, com sucesso, o governo líbio a soltá-los.


Censura


Na semana passada, o Guardian afirmou que um de seus correspondentes na Líbia, Abdul-Ahad, estava desaparecido havia duas semanas. O jornal informou que ele entrou no país pela Tunísia e foi visto pela última vez perto de Zawiyah.


Há quase um mês, ocorrem revoltas populares pelo fim do governo de Gaddafi, que já dura quatro décadas. Muitos dos 130 jornalistas internacionais que o governo da Líbia convidou para ir a Trípoli tentaram visitar Zawiyah, e os poucos que conseguiram relataram corpos, túmulos recém abertos e prédios danificados. Como outros jornalistas estrangeiros convidados pelo governo líbio à capital, os correspondentes da BBC receberam a promessa de se locomover e trabalhar livremente. No entanto, foram parados em diversas blitze na estrada. Informações de David D. Kirkpatrick [New York Times, 9/3/11].