Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

TV Cultura tem novo presidente


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


(www.estadao.com.br)


Segunda-feira, 10 de maio de 2010


 


TV CULTURA


João Sayad é eleito presidente da Fundação Pe. Anchieta


‘Deu o que era esperado. O economista João Sayad, 64 anos, que há poucos dias anunciou seu desligamento da Secretaria de Estado da Cultura, é o novo presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV e das rádios Cultura.


Sayad foi eleito para o cargo na manhã desta segunda-feira, 10, com 35 votos do conselho da fundação, constituído de 47 membros (4 abstenções e 8 faltosos). Sucede o jornalista Paulo Markun, cuja gestão, embora inovadora, vinha colecionando críticas – algumas supostamente atribuídas ao ex-governador José Serra, hoje em campanha presidencial.


Sayad foi eleito para um mandato de três anos e vai assumir a presidência da Fundação Padre Anchieta em 14 de junho.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Bispo pagará R$ 200 milhões à RedeTV!


‘O bispo RR Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, está fechando uma negociação de cerca de R$ 200 milhões com a RedeTV! Os programas do missionário, que já ocupam a madrugada e o final da tarde, terão em breve mais horários no canal. RR Soares esteve na semana passada na RedeTV! negociando a compra também da faixa das 13h às 14horas, tirando de lá produtos da Igreja Universal. Com isso, terá 194 horas mensais de programação na RedeTV!, fatia gorda (27%) das 720 horas mensais de um canal. Fontes do mercado garantem que, com a compra, a RedeTV! receberá cerca de R$ 70 milhões anuais do bispo, em um contrato de três anos.


Duas Caras


Marconi Ferraço? Quase. Dalton Vigh voltará ao ar no seriado policial da Globo Na Forma da Lei como César Borges, patrocinador do partido de um senador atolado em corrupção. A direção é Wolf Maia e a estreia será no segundo semestre.


37 personagens tem Passione, próxima trama das 9 da Globo. Seria pouco, se a trama não contasse com medalhões como Fernanda Montenegro e Tony Ramos


‘Vocês têm razão, eu estava a cara da Imelda Marcos’ Taís Araújo se divertindo no Twitter com os comentários sobre o visual de sua Helena em Viver a Vida, da Globo


Olga Bongiovanni (da TV Aparecida) deve ganhar em breve um programa na TV Gazeta, na faixa da tarde. As negociações estão adiantadas.


Vencem este mês os contratos do elenco do Saia Justa, tirado da programação às pressas pelo GNT para um acerto de contas.


Era para o Saia Justa ter saído antes do ar – por conta dos desentendimentos do elenco -mas o GNT resolveu deixar a reformulação para depois do aniversário de oito anos do programa, em abril.


A RedeTV! agendou os debates políticos para 12 e 13 de setembro – que até semana passada não iria realizar – mas esqueceu de um detalhe: não avisou candidatos nem partidos.


A Globo realizará em junho uma série de workshops para o mercado com demonstrações de suas novas tecnologias.


Apesar das boas audiências, O Aprendiz com João Dória Jr., ainda não bateu em ibope o Aprendiz de Roberto Justus na média de programas exibidos. Assim que bater, a Record tocará trombetas.


A versão hispânica de Louco Amor, parceira da Globo com a mexicana TV Azteca, começa a ser gravada em junho. A estreia está prevista para setembro.


Gilberto Braga, autor de Louco Amor, não está acompanhando a produção da versão hispânica de sua novela. A participação da Globo no projeto fica por conta do diretor de produção internacional, Guilherme Bokel.


Luminária com copinhos descartáveis, bancos com madeira certificada compõe a decoração ecologicamente correta da festa de lançamento de Passione, nova novela das 9 da Globo, hoje, em São Paulo. Peças de carros de Stock Car também enfeitam a festança.’


 


 


Jill Serjeant – Reuters


Simon Fuller, criador do ‘American Idol,’ atinge marco no iTunes


‘Simon Fuller, o criador do programa ‘American Idol,’ atingiu um marco musical digital na segunda-feira e disse que procura a próxima grande novidade no entretenimento global na Internet e outras plataformas digitais.


Em um momento de crise na indústria da música gravada, o catálogo de cantores de Fuller — que inclui as vencedoras do ‘Idol’ Kelly Clarkson e Carrie Underwood, a cantora britânica Annie Lennox e a banda Spice Girls — já vendeu 160 milhões de canções no iTunes, informou sua empresa de gerenciamento de artistas 19 Entertainment.


Fred Bronson, da Billboard, qualificou de ‘histórico’ o marco de 160 milhões de canções vendidas por Fuller no iTunes, em uma década marcada pela queda das vendas de álbuns físicos e a ascensão das vendas digitais, mais baratas.


‘Fuller é sem dúvida o maior administrador da era digital’, disse Bronson.


O empreendedor britânico formou uma parceria de ‘American Idol’ com iTunes quando a loja de música da Apple foi lançada, em 2003, compreendendo seu potencial de capitalizar sobre o sucesso do concurso de cantores na TV e sobre as dezenas de milhões de fãs que acompanham o programa semanalmente.


‘Senti que existia uma sinergia real entre o que eu faço, que é lançar novos artistas e programas de TV, e o que a iTunes faz, que é vender música de maneira imediata e interativa’, disse Fuller à Reuters em uma entrevista rara.


De acordo com o grupo IFPI, representativo da indústria gravadora mundial, as vendas físicas de música tiveram queda global de 12,7 por cento em 2009, enquanto as vendas digitais subiram 9,2 por cento, para 4,3 bilhões de dólares — mais de 10 vezes o valor do mercado musical digital em 2004.


PENSANDO GLOBALMENTE


Fuller, que completa 50 anos em junho, disse que a velocidade das transformações provocou choque na indústria musical, mas expressou esperanças para o futuro.


‘O futuro vai girar em torno da convivência entre os mundos digital e físico’, disse ele à Reuters.


‘Acho que a música ficará muito bem no longo prazo. Mas no curto prazo, como estamos vendo, tudo é caos e anarquia. Precisamos reinventar aquela interação entre o consumidor e o conteúdo que criamos, na música, na televisão e no cinema.’


Lucian Grainge, presidente do Universal Music Group International, disse que a distribuição digital se enquadra bem com a estratégia de entretenimento global de Fuller.


‘As plataformas digitais atuais para a venda de música e para chegar aos consumidores em todo o mundo significam simplesmente que o mundo pertence a gente como Simon’, disse Grainge à Reuters.


Steve Knopper, autor do livro de 2009 ‘Appetite for Self-Destruction: The Spectacular Crash of the Record Industry in the Digital Age’ (Sede de autodestruição – a queda espetacular da indústria de discos na era digital), disse que, embora as vendas de álbuns tradicionais estejam caindo, a música se encontra em boa forma.


‘As coisas que ‘American Idol’ vem fazendo e a maneira como Simon Fuller vem vendendo a franquia digitalmente e de outros modos indica que a música pop está muito forte neste momento’, disse Knopper.


‘Eles já estão cumprindo uma função importante para as gravadoras, ao apresentar a música pop ao público de maneira maciça.’


Para o futuro, Fuller está apostando em entretenimento global baseado na Internet. Em março ele lançou seu projeto de TV-realidade multimídia e interativo ‘If I Can Dream’, que acompanha um grupo de candidatos a cantores, dançarinos e atores que vivem juntos em uma casa ao estilo de ‘Big Brother’ enquanto tentam encontrar uma maneira de penetrar em Hollywood.’


 


 


TECNOLOGIA


Guilherme Werneck


21 dias depois


‘Qual é a desse iPad? O festejado tablet da Apple foi lançado há um mês e o Link vem testando o modelo Wi-fi de 32 GB desde o dia 17 de abril. De abril, data do lançamento, para cá, foram vendidas 1 milhão de unidades, a um preço que varia de US$ 500 a US$ 700. Dias antes de chegar a esta marca, a Apple colocou no mercado americano a versão 3G do tablet, que funciona só com chip da operadora AT&T. Como o iPad Wi-Fi, a versão 3G possui modelos com capacidade de armazenamento de 16, 32 e 64 GB.


Na última semana, a Apple também divulgou que, desde o lançamento, foram vendidos mais de 1,5 milhão de e-livros pela iBookstore – só disponível nos Estados Unidos – e que mais de 12 milhões de aplicativos foram baixados na App Store.


Mas e aqui no Brasil? Sem acesso aos conteúdos exclusivos de quem possui uma conta norte-americana na iTunes Store ou sem destravar o tablet para instalar aplicativos que não tenham sido aprovados pela App Store – será que compensa ter um aparelho desses?


Selado


Sem entradas USB, sem câmera, sem teclado e com um sistema operacional unitarefa (como o do iPhone), há muito tempo um lançamento não polarizava tanto as opiniões.


O iPad é, como já disseram, um iPod Touch anabolizado. Mas a força que ele ganha com a telas de 9,7 polegadas não é nada desprezível. E, embora seja ofuscada pela luz do sol em ambientes externos, a experiência de leitura, visualização de fotos e de vídeos dentro de casa compensa. E a bateria dura a ponto de você não se preocupar com ela.


A força do iPad está no consumo de entretenimento e no acesso rápido à informação. Os aplicativos funcionam de forma ágil. E a navegação online pelo Safari é veloz, apesar da limitação da ausência de flash. Para ver e-mails sem sair da cama, é ótimo, bem melhor do que um notebook.


Embora bem mais pesado do que um Kindle – o tablet da Apple pesa o dobro do que o e-reader da Amazon –, ler no iPad é agradável. Sobretudo quadrinhos, revistas e jornais. Mesmo a leitura de livros é boa, apesar da iluminação da tela. E, se no Brasil não dá para usar a iBookstore, é possível criar uma conta para o Kindle na Amazon e registrar seu iPad para receber os livros.


A experiência de ver filmes é bastante boa. Só que, no Brasil, sem acesso ao conteúdo da loja do iTunes, ela fica limitada. Outro problema é que, por aqui, não é possível acessar a App Store diretamente do iPad, só via iTunes, quando ele está conectado ao computador.


Embora seja possível carregar documentos e PDFs com alguns aplicativos, a experiência de escrever textos longos é cansativa e é impossível digitar com ele na vertical. Aí, vale mais o notebook. E a câmera faz falta na hora de usar um comunicador instantâneo, como o Skype.


Vivendo com o iPad por três semanas, é possível notar que existe nele um potencial revolucionário. Ele não deve ser entendido como um computador e muito menos um telefone celular. Por isso entra na sua vida por uma nova porta e ocupa um espaço próprio. Eu mesmo notei que estava começando uma relação de dependência quando, sem pensar, me peguei sempre com ele à mão em casa, no quarto, na sala e até no banheiro – que é a prova dos nove quando o assunto é ler na tela.


NO TABLET


MARVEL | O aplicativo mata a pau. Dá para baixar alguns gibis de graça e tem uma lista de quadrinhos por US$ 1,99


AIR VIDEO FREE | Para ver vídeos em qualquer formato. O programa transforma o PC em servidor e converte os arquivos


KINDLE | Boa solução para e-books. Ao ativar a conta na Amazon, registre o iPad como recipiente para receber os livros


EDITORS’ CHOICE | Aplicativo que com textos e matérias selecionados pelos editores do The New York Times’


 


 


INTERNET


Fernando Martines


E depois do anúncio do Plano Nacional de Banda Larga?


‘Muito falado durante meses, o Plano Nacional de Banda Larga finalmente foi anunciado na semana passada. O principal ponto do projeto já era esperado: a Telebrás será reativada e ficará encarregada de criar a infraestrutura básica, como levar cabos ópticos para os lugares mais distantes. Também fica a cargo da estatal fazer o serviço final, ou seja, prover internet aos usuários, em locais onde empresas privadas não tenham interesse de atuar.


Dois dias antes do anúncio do governo, a Cisco, gigante mundial na área de infraestrutura de internet, divulgou pesquisa que aponta crescimento quase três vezes maior da internet 3G em comparação com a banda larga fixa no Brasil. Assim, fica a pergunta: não seria o caso de atingir a universalização por meio da internet móvel (3G, satélite ou rádio), que não exige um aparato físico (como quilômetros de cabos) e tem alcance maior?


Augusto Gadelha, secretário de política e informação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), informa que as opções de internet móvel são ‘ações complementares’. Visando justificar a escolha do governo de privilegiar a conexão fixa, Gadelha cita um motivo olhando para hoje e outro pensando no futuro: ‘O transporte de vídeo é muito pesado e através de móveis ele não se faz de forma tão adequada quanto a fixa. Além disso, temos a questão da ultra banda larga, que daqui alguns anos será feita pela conexão de cabos’.


Já Anderson André, diretor da Cisco, vê sim a internet 3G ou a rádio como uma boa opção, ‘por serem sistemas mais fáceis de levar a lugares distantes’. Mas olhando para a questão de forma mais prática, André acha que a solução é uma junção entre governo e empresas: ‘Talvez a solução seja uma parceria entre governo, provedor local e empresas da região que patrocinem e entrem no negócio. Eu espero que o governo consiga levar essa infraestrutura para os locais mais distantes, seja com a revitalização da Telebrás, seja com outro projeto’.


ENTREVISTAS


Anderson André, diretor da Cisco


O crescimento da internet móvel não teria sido tão grande pelo fato da Telefônica ter ficado alguns meses sem poder vender o Speedy?


Claro que a Telefônica não vender o Speedy influenciou, mas pouco. As pessoas que procuram o 3G o fazem porque não tem opção: ou moram em lugares que a banda larga fixa não chega ou precisam de internet sempre à mão Não são o mesmo público.


A última meta estipulada pela Cisco previa que em 2010 o Brasil teria 15 milhões de conexões de banda larga, o que foi até superado. Vocês têm uma nova meta?


Sim, mas ela ainda não foi definida. A internet tem penetração em 6% da população brasileira. Uma pesquisa do Banco Mundial mostra que, pelo nosso PIB per capita, isso deveria ser de no mínimo 12%. Ou seja, dá para crescer muito aí.


Augusto Gadelha, secretário do MCT


Em muitos países, bandas com menos de 1 mega nem são consideradas largas e o Plano Nacional propõe conexões de até 784k. O Governo pensa em aumentar a velocidade das conexões?


É uma questão de alocação de recursos. Tendo recurso, é claro que investiríamos numa banda mais larga. O problema todo é o que fazer com os recursos existentes. Quanto o País pode dispor de recursos para colocar em um plano de banda larga? Isso é na verdade uma opção entre a cobertura da banda larga e a velocidade. Se você quer concentrar em alguns poucos centros, você pode aumentar a velocidade. Se você quiser fazer uma cobertura mais ampla, vai ter que diminuir a velocidade. Isso é uma decisão política de não levar internet tão veloz, mas levar internet para mais lugares. No futuro o objetivo é que essas conexões sejam mais velozes.’


 


 


Banda larga e manipulação


‘Antiguidade e inconsistência têm sido a marca da maioria dos planos e projetos do governo Lula. Por isso, não é por não fixar prazos claros para suas metas ou por carecer de instrumentos de ação que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) surpreende. Também não é por pretender fortalecer uma estatal de triste memória que o plano deixa dúvidas, pois o crescimento do Estado é objetivo declarado do presidente Lula. Nem é por demonstrar a desarticulação do governo que o PNBL constitui novidade, já que a desestruturação técnica e gerencial da atual gestão é velha conhecida.


O que, de fato, intriga nesse assunto é a irresponsável manipulação, com interesses ainda não conhecidos, do futuro de uma empresa com ações negociadas em bolsa e que tem resultado em seguidas e fortíssimas altas de suas cotações. Há muitos investidores ganhando dinheiro com isso ? mas, até o momento, não foi possível vislumbrar que ganhos efetivos o País pode ter com um plano como esse.


O PNBL não tem sido mais do que um conjunto de discursos muito oportunos para o governo em ano de eleição. O governo diz, por exemplo, que a meta do programa é levar o acesso de alta velocidade à rede mundial de computadores a mais 28 milhões de domicílios dentro de quatro anos (a banda larga tem 12 milhões de usuários no País), com mais qualidade e velocidade e a preço mais acessível do que o cobrado atualmente pelas operadoras. Seria bom que isso ocorresse, pois, em outros países, a banda larga custa muito menos e é mais disseminada do que no Brasil. Não se explica, porém, como isso será feito.


Por considerar excessivo o incentivo pedido pela operadora Oi, o governo ? que direta ou indiretamente detém 49% do capital da empresa ? rejeitou sua proposta de se tornar o principal instrumento da universalização da banda larga. O governo recusou também a proposta da empresa de televisão por satélite Sky de cobrir todo o País com banda larga sem fio a um custo menor do que o previsto pela Oi.


A proposta do PNBL é fortalecer o que sobrou da Telebrás depois da privatização da telefonia, em 1998. É uma empresa que, hoje, só cuida dos passivos que herdou, não tem receita e está em fase de liquidação. Para recuperá-la, o governo precisar aplicar mais de R$ 3 bilhões ? de um total de R$ 13 bilhões anunciados para o plano ?, possivelmente com recursos do Tesouro, e arcar com prejuízos nos primeiros anos de sua operação como executor do PNBL.


A ideia desse plano vem sendo discutida pelo governo desde setembro do ano passado, mas dos debates foram alijados os dois principais organismos estatais que cuidam do assunto, a Anatel e o Ministério das Telecomunicações. Não foi por acaso que esses dois organismos não enviaram representantes para o anúncio do plano.


‘É um pouco triste que um assunto tão sério seja tratado de uma forma quase leviana’, criticou o professor de Economia da FGV Arthur Barrionuevo. ‘Não foram definidos meios objetivos e metas claras para a universalização da banda larga.’


Há outros aspectos a serem criticados na forma como o governo pretende colocar em prática o PNBL ? o que só deverá ocorrer a partir da próxima gestão ?, entre eles o fato de não estimular a concorrência, o que seria a medida mais correta para forçar a melhora dos serviços e a redução de suas tarifas.


O que mais assusta, no entanto, é a ligeireza com que o governo vem tratando da recuperação da Telebrás. No dia do anúncio do PNBL, as ações ordinárias da empresa chegaram a subir mais de 30% (fecharam com alta de 22,7%). No ano, a valorização dos papéis da Telebrás supera 200%. Há algum tempo, quando questionado sobre as declarações de membros do governo, inclusive ele próprio, sobre a recuperação da Telebrás, o presidente Lula observou que, ‘se a Comissão de Valores Mobiliários entender que houve vazamento, aí cabe investigação’. É o caso de se fazer a investigação, não por vazamento, mas por manipulação de informações.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 10 de maio de 2010


 


CAMPANHA


Plínio Fraga e Uirá Machado


Criticado, horário ‘gratuito’ custará R$ 850 mi


‘O chamado horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão custará aos cofres públicos -em isenções tributárias previstas em lei- quase R$ 900 milhões. E, para dois dos mais conhecidos marqueteiros do país, poderia ser extinto.


Duda Mendonça e Antonio Lavareda afirmam que as inserções eleitorais (propagandas curtas) são importantes na campanha, mas os dois programas diários de 25 minutos cada um encarecem as disputas, têm efeito limitado e poderiam ser substituídos por debates temáticos entre os candidatos.


‘Programa eleitoral em bloco só serve para encarecer campanha. Não tem papel de persuasão. Eleitor não presta atenção e, quando presta, é pouco afetado’, diz Lavareda, 76 campanhas no currículo. ‘Para ser persuadido, o eleitor não deve estar ciente de que está sob tentativa de convencimento.’


Na eleição de 2006, só os candidatos de PT e PSDB declararam ter gasto cerca de R$ 20 milhões na produção da propaganda para rádio e televisão, numa campanha em que juntos assumiram oficialmente desembolso de R$ 186 milhões.


‘Não faz sentido nem do ponto de vista teórico nem do ponto de vista prático. Mas marqueteiros e políticos são contra fragmentar o programa’, diz Lavareda.


O publicitário Duda Mendonça, mais de 45 campanhas, diz que os programas poderiam ser substituído por debates. ‘Seriam debates ao vivo, em rede obrigatória, temáticos.’


Ele reconhece que a proposta tem poucas chances de ser implementada. ‘Por que não muda isso? Porque no debate é onde o candidato aparece mais nu e cru. Tem de enfrentar o estresse, o argumento.’


Lavareda concorda com essa sugestão. Para ele, há um paradoxo nas democracias modernas: ‘Exige-se um nível fantástico de compreensão, mas as pessoas não conseguem se informar a respeito de tudo’.


Horário ‘gratuito’


De acordo com levantamento realizado pela ONG Contas Abertas, a Receita Federal deixará de arrecadar neste ano R$ 856.359.976,86 em razão do horário eleitoral gratuito -dinheiro suficiente para custear um ano de estudo para 635 mil alunos, um contingente de estudantes de rede pública de uma grande capital.


A legislação eleitoral permite que as emissoras de rádio e TV deduzam do Imposto de Renda 80% do que receberiam caso o período destinado ao horário gratuito fosse vendido para propaganda comercial.


As rádios e as TVs precisam comprovar, por meio de nota fiscal emitida na véspera do horário eleitoral, o valor cobrado pelos comerciais. Essa nota não pode ser discrepante de outras operações com a iniciativa privada nos 30 dias anteriores e 30 dias posteriores a essa data.


Com base no montante encontrado, estima-se quanto a emissora perdeu por ter cedido o tempo. O valor é subtraído do faturamento da emissora antes de ser calculado o imposto.


Desde 2002, a União já deixou de arrecadar R$ 3,65 bilhões em razão do horário eleitoral gratuito.’


 


 


Uso do ‘medo’ deve marcar campanhas, avalia publicitário


‘O uso do medo -frequente nas campanhas eleitorais no país, desde a redemocratização- será uma das marcas da eleição presidencial deste ano, avalia o publicitário Antonio Lavareda, autor do livro ‘Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais’, lançado no final do ano passado pela Objetiva.


Medo da mudança do que tem dado certo, tentará demarcar a campanha da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. Medo do despreparo e da inexperiência, replicará a do pré-candidato do PSDB, José Serra.


‘A campanha de Dilma deve trabalhar sentimentos como o orgulho (em relação às conquistas do país), a compaixão (políticas de inclusão e distribuição de renda) e o entusiasmo’, avalia Lavareda.


Por outro lado, ‘vai naturalmente tentar resgatar a aversão ao governo FHC. Vai trabalhar o medo da descontinuidade das políticas sociais’, diz.


Por sua vez, ‘Serra deve usar o entusiasmo na categoria específica da esperança. O slogan ‘pode mais’ vai nessa direção. Do ponto de vista da emoção negativa, é o medo em relação a uma candidata despreparada, que não é o Lula, que não está pronta’, acredita ele.


Doutor em ciência política pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Lavareda estuda interface da neurociência com a política.


Com base na ‘neuropolítica’, diz que o uso das emoções -como o medo- nas eleições é positivo e não pode ser confundido com manipulação. ‘As emoções, sobretudo as negativas, não entorpecem o eleitor. Elas podem melhorar a qualidade do voto, pois sentimentos como a ansiedade fazem as pessoas pensarem mais.’


Em sentido reverso, diz ele, quando as coisas estão bem, o eleitor se caracteriza pelo entusiasmo, pela ausência de reflexão e pela manutenção.’


 


 


FILME


Uirá Machado


Com deputado vilão, ‘Tropa de Elite 2’ tem pedido para gravar na Câmara vetado


‘A Câmara dos Deputados barrou o capitão Nascimento e não permitiu a gravação de cenas do filme ‘Tropa de Elite 2’ no plenário da Casa.


Segundo o diretor José Padilha, a produção do filme procurou a Câmara de dezembro a janeiro, mas jamais recebeu resposta oficial. ‘Disseram que foi Michel Temer quem barrou, a pedido da bancada do Rio. Eu preferi não acreditar.’


A assessoria de Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara, confirma que não foi dada autorização por decisão técnica-administrativa. Motivo: o plenário da Casa é destinado a sessões políticas.


A cena barrada pela Câmara se passaria no plenário, mas acabou ambientada num Conselho de Ética improvisado na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.


Gravada no dia 15 de abril, a cena traz Fraga (deputado fictício interpretado por Irandhir Santos) prestando depoimento sobre as milícias no Rio.


Padilha explica: ‘O filme trata da relação entre segurança pública e financiamento de campanha. Faz ligação entre a segurança e a política’.


Em ‘Tropa de Elite 2’, o deputado Fraga é o antagonista do capitão Nascimento (Wagner Moura) e cruza seu caminho no combate às milícias.


Ao longo das gravações, insinuou-se que Fraga seria baseado no deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ex-secretário de Segurança Pública do Rio (gestão Rosinha Matheus), citado no relatório final da CPI das Milícias. Padilha nega: ‘Ele não foi inspirado em ninguém em particular’.


É fato que o filme, com estreia prevista para setembro, tem uma cena gravada na Assembleia do Rio em que o capitão Nascimento grita: ‘Aqui [no governo] todo mundo é corrupto!’. O filme se passa entre 2001 e 2005, durante gestão de Rosinha Matheus.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


A proposta


‘Na agenda do ‘Financial Times’, Lula chega quinta a Teerã. Na manchete do ‘Tehran Times’ de ontem, ele e o primeiro-ministro turco ‘vão discutir proposta de troca de combustível no Irã’. No texto, ‘segundo fontes diplomáticas, Brasil e Turquia desenharam uma proposta conjunta’ para troca sob supervisão da agência internacional de energia, na fronteira turco-iraniana. Ao longo do domingo, o chefe da agência de energia do Irã declarou que já estuda as ‘condições’ dadas, mas cobra ‘garantias concretas’ para o acordo. A manchete do ‘Tehran Times’ e as declarações da agência ecoaram na China, via Xinhua.


Em Israel, a home do ‘Yediot Ahronot’ destacava ontem que Lula afirmou ao ‘El País’ que ‘vai tentar tudo nas negociações’, ‘todas as opções’.


SOB ATAQUE


A mídia nos EUA e na Europa elevou ainda mais o tom contra Lula. Na ‘Newsweek’, o correspondente jogou no título o adjetivo ‘rogue’, algo como ‘tratante’, e apontou ‘oportunismo’, ouvindo Luiz Lampreia, ex-chanceler de FHC. O venezuelano Moisés Naím, que saiu da ‘Foreign Policy’, escreve no ‘El País’ que Lula é ‘mau’ e ‘pouco generoso’ com FHC -e até ‘feio’, por apoiar ‘déspotas’. No Huffington Post, o ex-secretário assistente de Estado Bernard Aronson pôs Lula no ‘mais baixo denominador comum diplomático, como a China’.


Na ‘Der Spiegel’, já traduzida no UOL, um ex-diretor do ministério de defesa da Alemanha vai além e insinua que Lula ‘está desenvolvendo a bomba’.


ISRAEL TAMBÉM


Via israelense ‘Haaretz’ e iraniano PressTV, com foto de Dimona (esq.), a AP deu que a agência de energia da ONU pôs Israel na pauta, afinal. No ‘Washington Post’, ‘Postura de Israel complica esforço contra Irã’ por expor EUA


GLOBAL


Na capa do ‘El País’ (dir.), ‘É preciso mudar a ONU. Do jeito que está não vai servir para o governo global’. O longo perfil/entrevista escrito por Juan Luis Cebrián, presidente do grupo Prisa, que edita o jornal, sob os enunciados internos ‘Lula: o Carnaval e não a guerra’ e ‘Um socialismo do sentido comum’, começa comparando Lula a Sancho Pança, como elogio, e termina afirmando que ele deixa o governo em dezembro para ser lembrado como Abraham Lincoln e Nelson Mandela.


Por aqui, UOL e Folha Online destacaram que ‘Não há chance de PT perder, afirma Lula a jornal espanhol’.


ELDORADO


Na capa da revista francesa ‘Le Point’ desta semana, um especial de 21 páginas sobre o Brasil, ‘O novo Eldorado’, com perfis de Lula e Eike Batista, o novo cotidiano no morro Santa Marta, no Rio, mais uma entrevista com o cineasta de ‘Mondovino’, há cinco anos morando no país


O MOMENTO


O indiano ‘The Hindu’ destacou no alto da página de opinião, ao lado dos editoriais, o artigo ‘Lula e o momento brasileiro’, do diplomata e acadêmico chileno Jorge Heine. Ecoa a ‘Time’, lembra FHC, elogia Celso Amorim e fecha dizendo que ‘Lula liderou o Brasil na afirmação de sua autonomia e independência, dando suas próprias condições para lidar com a ordem mundial em mudança. Ele é o melhor exemplo do poder da ação e da iniciativa na política externa’.


Na mesma direção, do indiano ‘Hindustan Times’ ao chinês ‘Diário do Povo’, noticiou-se a entrega a Lula do título ‘Campeão Global na Batalha contra a Fome’, hoje, pelo programa da ONU para alimentação.


‘DE PONTA-CABEÇA’


O ‘Jornal Nacional’ não deu na escalada, ao contrário de ‘SBT Brasil’ e demais, o socorro do Brasil à Grécia. Por outro lado, longo perfil de Nouriel Roubini, sábado no ‘Financial Times’, sublinhou o alerta para que europeus e ‘até os EUA’ aprendam com Brasil e outros como lidar com crise de dívida. Os antigos ‘pupilos’ têm hoje melhor relação dívida/PIB do que os ‘professores’.’


 


 


TELEVISÃO


Roteirista abandona ‘Lie to Me’, da Fox


‘Shawn Ryan, roteirista e produtor conhecido por ‘The Shield’, anunciou que não retornará para ‘Lie to Me’, série sobre especialista em linguagens corporais, atualmente em seu terceiro ano. A produção volta em 7/6 nos EUA e ainda não tem data de estreia no canal Fox, onde é exibido no Brasil. Ryan, que entrou para a equipe da série em 2009 para tentar melhorar a baixa audiência, vai se dedicar a dois pilotos de outros programas.’


 


 


Samia Mazzucco


a TV é sua


‘O garoto aparece na TV mostrando como um nerd pode ser menos zoado na escola. Uma das dicas é: prenda as calças com suspensório. Assim, quando forem puxadas, permanecem no lugar.


O vídeo com outras dicas hilárias, enviado por um telespectador, foi ao ar no ‘Fiz na MTV’, que estreou sua nova temporada na última quarta-feira (5/5).


O conteúdo colaborativo enviado pelo público continua sendo o carro-chefe do programa, que nesta temporada pagará aos autores dos vídeos R$ 70 por minuto exibido na TV. ‘A grana não paga nenhuma produção, é só um diferencial’, diz o diretor Róger Carlomagno.


Cada programa terá um tema (o próximo é heróis) e exibirá entre 12 e 16 vídeos e uma entrevista por Skype. O internauta posta o vídeo no site e a produção escolhe o que vai ao ar. Mas, na estreia, era possível votar nos vídeos no portal do programa (fiznamtv.com.br), dando a entender que os preferidos do público iriam para a TV.


A apresentação é dos novos VJs: Marina Santa Helena, 26, e Thiago Borbolla, o Borbs, 26.


A dupla é conhecida na internet. Borbs criou há dez anos o site Judão, um portal de entretenimento, e diz achar ‘sensacional’ a participação do público. Sobre a estreia, diz que ficou nervoso nas gravações, mas se soltou quando o diretor ‘disse para eu ser eu mesmo’.


Marina tinha o blog Chiqueiro Chique, hoje Santa Helena, e trabalha com mídias sociais. ‘Fiquei nervosa de me assistir. Agora é melhorar e conquistar um público legal’, diz.


Carlomagno diz que a dupla foi escolhida porque ‘se movimenta bem na internet’.’


 


 


 


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