Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Imprensa livre a serviço do cidadão

Neste momento malcheiroso da história política brasileira, em que suspeitas, denúncias, acusações, comissões, ‘mensalões’, propinas e outros episódios empestam o céu, o mar e a terra, em especial os corredores acarpetados da Corte federal, nada mais justo que reiterar a relevância da onipresença dos meios de comunicação social. Que, juntamente com outras instituições, como a Polícia Federal e o Ministério Público, recrudesceram suas atividades na busca da visibilidade do podre modus operandi de uma parcela expressiva dos agentes da coisa pública. Na faxina da casa, o pó levanta, mas somente varrendo descobrimos e desentulhamos o lixo acumulado e escondido.

Se, em determinados momentos, desligamos a TV, o rádio ou deixamos de lado as folhas do jornal, para não sermos torpedeados e contaminados pelo som, pela imagem, pelo papel que retrata o mundo-cão, escorrendo sangue, miséria, desgraça e imundície da tela, do dial e das páginas, na maior parte das vezes, como esta, devemos refletir sobre a importância da imprensa livre.

Busca da cidadania

Quando os poderes constituídos utilizam os veículos como instrumento de pressão na direção de seus interesses financeiros, políticos, ideológicos ou outros e isto ocorre muito, julgamos que o chamado quarto poder se fragiliza.

Mas, logo adiante, quando o faro investigativo, a checagem e rechecagem das fontes, a análise dos fatos, a busca incessante da apuração e sua divulgação de forma imparcial e esclarecedora conseguem retratar um instantâneo da história do Brasil e do mundo, voltamos a trilhar na direção do preceito inserido na Constituição brasileira, determinando que ‘a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição’.

Nas páginas dos jornais e das revistas, na tela plana e em ondas curtas e médias foram reveladas nestes recentes episódios as identidades de sorveteiros, secretárias, publicitários e outras personagens que, juntamente com Waldomiros, Jeffersons, Dirceus e Marinhos, são decisivos na retirada do grosso cobertor que esconde a fétida relação envolvendo, graças a Deus, uma minoria de integrantes da sociedade, Congresso e Executivo.

Estes acontecimentos e suas revelações, na certa, servirão para a depuração das instituições, o aprimoramento da cidadania e o aperfeiçoamento das relações na sociedade, ressaltando e levando em conta o papel fundamental da imprensa, dentro do que prega a Declaração de Chapultepec, de agosto de 1996:

Uma imprensa livre é condição fundamental para que as sociedades resolvam seus conflitos, promovam o bem-estar e protejam sua liberdade.

A imprensa livre é e será, sempre, um dos instrumentos a serviço do cidadão no combate à corrupção e na busca da consolidação da cidadania.

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Jornalista, administrador público, conselheiro e coordenador do Departamento de Direitos Sociais e Imprensa Livre da Associação Riograndense de Imprensa