Folha de S. Paulo, 23/3 Alexandre Orrico Festa imodesta Uma pequena explosão inconsequente de informações; silvos dos pássaros. Essa é a descrição do dicionário ‘Oxford’ para ‘Twitter’, palavra usada por seus fundadores para nomear o serviço de microblogging mais famoso do mundo, que completou cinco anos de existência na última segunda-feira. No dia 21 de março de 2006, Jack Dowsey postou a primeira mensagem no serviço. A atualização poderia ser feita apenas por meio de mensagens de texto de celulares e todas as funções que conhecemos hoje, dos trending topics, mensagens privadas e a possibilidade de postagem por meio da web, foram implementadas ao longo do tempo. Bastaram cinco anos para que o Twitter passasse de um rascunho à caneta numa folha de caderno para uma empresa avaliada em US$ 12,6 bilhões, segundo a Sharespost, bolsa de valores para negociação de ações de companhias privadas. A ascensão meteórica do Twitter ocorreu no festival South by Southwest (SXSW), em 2007, quando o número de mensagens publicadas no site saltou de 20 mil para 60 mil por dia. A então startup (empresa iniciante) se tornou o assunto do momento entre os congressistas e formadores de opinião do mundo on-line. Hoje são mais de 140 milhões de mensagens por dia e cerca de 200 milhões de usuários cadastrados. Os primórdios da rede foram caracterizados pelo descrédito: muitos se perguntavam qual era a utilidade de um serviço de mensagens em que alguém poderia dizer aos quatro ventos o que quisesse, desde que não excedesse 140 caracteres. Os próprios usuários não sabiam direito como usar a ferramenta, que era vista como um fórum de mensagens sem sentido, em que as pessoas relatavam que iam dormir ou que estavam tomando café da manhã. ‘Quem se preocupa com o Twitter?’ era uma questão recorrente em vários blogs. Outros, porém, se aventuravam descrever essa plataforma como uma ferramenta que permitiu, em tempo real, entender e compartilhar os acontecimentos do planeta. Foram as manifestações no Irã em junho de 2009 que acabaram afirmando o papel da rede e quando ela, finalmente, começou a ganhar atenção no Brasil. De acordo com a comScore, o tráfego do Twitter disparou nos últimos 12 meses após os distúrbios iranianos e o número de usuários cresceu 109%. O Twitter também conseguiu trazer celebridades dos campos da cultura, da política e dos esportes para sua legião de fãs, que têm um canal direto de comunicação com os seus ídolos. Os mitos se tornaram mais próximos, mais reais e mais humanos. Cercado de desconfiança também por não ter de onde tirar receita, o Twitter agora já é rentável. Segundo dados de janeiro da eMarketer, Twitter arrecadou, em publicidade, US$ 45 milhões em 2010, uma quantidade que subirá para US$ 150 milhões em 2011 e uma previsão de US$ 250 milhões em 2012. Nesta edição, conheça alguns programas que podem tonar a experiência de tuitar mais interessante -os chamados clientes. Conheça também mais números dessa rede social que não para de crescer, saiba algumas dicas de etiqueta virtual, veja alguns tuítes de pessoas famosas do Brasil e do mundo e, se você não criou uma conta, saiba como fazê-la passo a passo. Folha de S. Paulo, 23/3 Alexandre Orrico Risco de segurança no Twitter cresce 20% Nos últimos meses, do início de 2010 até agora, houve uma explosão no uso das redes sociais. O Facebook recentemente atingiu a marca de 600 milhões de usuários e o Twitter tem cerca de 200 milhões. Mas, enquanto algumas pessoas querem aproveitar os serviços para se conectar com amigos e compartilhar informações, outras enxergam oportunidade de ganhar dinheiro fácil de forma ilícita. Um estudo da empresa de segurança virtual Barracuda, divulgado no fim de 2010, diz que o a taxa de spam via e-mail caiu pela metade, enquanto o Twitter Crime Rate (porcentagem de contas maliciosas criadas por mês) subiu 20%. Segundo a companhia, esse número representa hoje cerca de 2% de todos os usuários cadastrados. ‘Mídias sociais trazem um novo tipo de ameaça por causa da inerente confiança que as redes sociais têm. Quando seu amigo posta um link, é natural confiar que é seguro. Nós estamos vendo mais e mais que esse não é necessariamente o caso’, disse à Folha Steve Pao, executivo da Barracuda. Além de não aceitar pessoas que você não conhece nos seus perfis, a companhia dá outras dicas para evitar cair num golpe ou infectar seu PC com malwares. Há o Profile Protector (www.profileprotector.com), que foi construído para ajudar usuários a reconhecerem links maliciosos no Facebook e Twitter. A empresa de segurança Naked Security alerta para um tipo de ameaça que tem se tornado muito comum no Twitter: o falso antivírus. Desconfie sempre de ofertas gratuitas, links em que você pode supostamente escanear seu computador ou baixar grátis um programa que pode livrá-lo de pragas. Outra dica da companhia é cuidado com os aplicativos que pedem autorização para acessar seu perfil; eles podem ser apenas uma isca para você ter sua conta sequestrada e transformada em uma página zumbi, mandando mensagens e seguindo pessoas contra sua vontade. A empresa também tem uma solução para proteger os usuários de redes sociais. É o Social Media Security Toolkit (sophos.com/lp/threatbeaters).
Folha de S. Paulo, 23/3
Alexandre Orrico
Rede conquista um quinto dos brasileiros on-line
Quando o assunto é mídia social, o Brasil aparece como protagonista: é o país mais conectado do mundo, com adesão de 86% dos usuários em uma média de cinco horas mensais de navegação em páginas virtuais.
E mais de um quinto dos internautas brasileiros está no Twitter: os tuiteiros representam 21,8% da população on-line do país, segundo pesquisa da comScore realizada em dezembro e divulgada no fim do mês passado.
Isso deixa o país no topo do ranking mundial do índice de tuiteiros, ficando atrás apenas da Holanda. Na terra das papoulas, 22,3% dos internautas estão no Twitter.
Há sete meses, uma pesquisa semelhante foi realizada, e o Brasil apareceu na mesma posição.
O Twitter parece ter reconhecido a importância do Brasil e pretende lançar uma versão do site para o idioma português, juntamente com o turco, o russo e o indonésio.
A intenção é expandir ainda mais a rede social, de acordo com o executivo-chefe do Twitter, Dick Costolo, em palestra no Mobile World Congress, evento realizado em Barcelona em fevereiro.
Ainda que não tenha definido uma data para a tradução entrar no ar, o executivo ressaltou que, rompendo a barreira do idioma, mais usuários poderão acompanhar as atualizações e seguir personalidades com as quais se identificam.
GAMBIARRA
Enquanto a tradução oficial não sai, há algumas maneiras de traduzir seu Twitter para o português.
No Internet Explorer, por exemplo, você pode instalar a barra de ferramentas do Google (google.com/intl/pt-BR/toolbar/ie/index.html). Feito isso, quando abrir o Twitter, na barra, clique em Traduzir para que a rede social seja exibida em português.
Se você usa o Firefox, instale o complemento FoxReplace, disponível no site de complementos da Mozilla (addons.mozilla.org).
Após a instalação, você deve escolher uma URL que contenha o texto que substituirá os termos em inglês. Utilize o endereço dicasemgeral.xpg.com.br/TwitterEmPortugues.php.
No Chrome, basta procurar pela extensão ‘Twitter em Português’ e instalá-la. O processo é rápido e a tradução muito bem feita. Você pode baixá-la no repositório de extensões do Google, em chrome.google.com/webstore.
Folha de S. Paulo, 23/3
Rafael Capanema
‘Acho que ninguém entendeu na época’, diz pioneira no Brasil
‘Evan Williams, o criador do Blogger, nos presenteia com mais uma brilhante ideia: o Twttr!’, escreveu a jornalista Flávia Durante em seu blog em 26 de julho de 2006 (bit.ly/blahtwt), quatro meses depois da estreia do Twitter.
Uma das primeiras usuárias brasileiras do serviço, ela soube da novidade por meio do blog de Williams (evhead.com), que costumava acompanhar.
Flávia criou uma conta para poder enviar mensagens SMS gratuitas a seus amigos, principal atrativo do site antes de ele tomar a forma que o consagrou, de microblog.
‘É muito útil pra combinar baladas e afins’, escreveu ela, na época.
Naquele ano, Flávia disparou convites do Twitter para alguns amigos. Um deles foi parar na caixa de entrada da produtora cultural e jornalista Katia Abreu, que se cadastrou mesmo sem ter uma ideia clara da utilidade do serviço. ‘Acho que ninguém entendeu, na época. A galera usou uns dias e abandonou’, conta Katia.
‘Até hoje eu não entendo muito bem para que serve’, brinca. ‘Mas uso um monte.’
Flávia ainda usa bastante o Twitter, sua rede social favorita. ‘Dá para saber de quase tudo com muita antecedência. Mas às vezes é um pouco assustador saber tudo o que os seus amigos e contatos estão pensando o tempo todo.’