Comunique-se, 22/3 Izabela Vasconcelos Folha de S.Paulo registra jornalistas como assessores administrativos A Folha de S.Paulo registrou dois jornalistas como assessores administrativos. A informação foi confirmada pelo vice-presidente do Comitê de Imprensa do Senado, o jornalista Fábio Marçal, que também é membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal. O Comunique-se teve acesso aos documentos que comprovam a irregularidade na contratação dos jornalistas. Nos dados, o jornal alega que o registro como assessor administrativo é uma norma da empresa. ‘Eu não sei se eles fazem isso pra fugir do sindicato ou pra burlar a legislação, é um absurdo’, contestou Marçal. O jornalista enfatiza que apenas os dois casos se tornaram conhecidos, mas acredita que outros profissionais já tenham passado pela mesma situação. Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Lincoln Macário Maia, a situação é absurda. ‘É um absurdo. É uma demostração de que veículos como a Folha são muito apressados em denunciar irregularidades, mas não prestam atenção no que acontece debaixo do seu nariz’, afirmou. Maia lembrou do caso de outra empresa, que segundo ele, também já cometeu a mesma irregularidade. ‘A Bloomberg também tenta disfarçar suas contratações de jornalistas. Essas ‘inovações’, formas toscas disfarçadas de sofisticação, precarizam a profissão’, declarou. A Bloomberg não se pronunciou contra a acusação. Deputado critica contratações Há uma semana, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), autor da PEC que pede a volta da exigência do diploma de jornalismo para atuar na profissão, foi informado da irregularidade na Folha, e protestou. Segundo ele, que também é jornalista, irregularidades já eram cometidas em muitos veículos, mas tendem a aumentar. ‘É uma sinalização clara de que o fim do diploma levará à precarização da profissão’, afirmou. Procurada pela reportagem, a Folha ainda não se manifestou sobre o caso. Comunique-se, 22/3 Izabela Vasconcelos ‘Filho pobre’. Grupo Folha é acusado de precarizar redação do jornal Agora SP Os jornalistas que trabalham no Agora SP, veículo popular do Grupo Folha, estão passando por maus momentos. Segundo apuração do Comunique-se, os profissionais chegam a trabalhar de 12 a 15 horas por dia e não têm direito a banco de horas ou horas extras. Além disso, a empresa cortou todos os freelancers que cobriam férias de outros jornalistas. No entanto, a empresa nega irregularidades. Com o enxugamento da redação, os repórteres chegam a cuidar de 8 a 15 pautas por dia e ainda são pressionados a não cometerem nenhum erro, mesmo com o volume de assuntos para apurar. Ao contrário do que acontece na Folha de S.Paulo, os repórteres do Agora têm plantão a cada duas semanas, já na Folha o intervalo é de três semanas. Procuradas pela reportagem, algumas fontes confirmaram as irregularidades. ‘Parece absurdo, mas até pra sair, e beber água, é difícil, porque temos várias pautas e depois ainda há as especiais’, disse uma delas, que afirma que os jornalistas se sentem pressionados, porque podem ser demitidos por motivos banais. Segundo esses mesmos profissionais, a empresa ignora todas as irregularidades. Como exemplo, citam o caso de um repórter que chegou a trabalhar com a perna engessada, com grande desconforto. Ao Comunique-se, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo disse desconhecer as irregularidades. No entanto, o presidente da entidade, José Augusto Camargo, afirmou que não se surpreende com o caso. ‘Vindo do Grupo Folha, é possível, ainda mais com o ‘filho pobre’ deles’. O secretário geral do sindicato, André Luiz Cardoso Freire, disse que irá apurar a denúncia e agendar uma reunião com representantes do veículo. A direção do jornal Agora negou as irregularidades e disse que a empresa cumpre todas as normas trabalhistas.