A notícia internacional de que o Dalai Lama ‘renunciou’ ao cargo político de governante do povo tibetano que dizia ter veio desacompanhada de elementos históricos importantes que podem auxiliar o leitor na compreensão da disputa entre o Tibete e a China. A tradição tibetana dos Lamas terminou em 1924, com a morte do 13º Dalai Lama. Tanto é que, por muito tempo, questionou-se a legitimidade do atual 14º Dalai Lama, que foi expulso pelo governo comunista chinês na Revolução Cultural. Antes da invasão chinesa, os Dalai Lamas ocupavam um cargo híbrido, ou seja, ora eram líder espiritual, ora governante, ou os dois ao mesmo tempo. A Revolução Cultural chinesa prometia ‘libertar’ o Tibete dos tibetanos, coisa que até hoje ninguém entende, mas o fato é que somente com a derrubada do híbrido governo dos Lamas, e por consequência pondo fim à tradição cultural e religiosa daquele povo, os comunistas poderiam ocupar o Tibete e ‘implantar’ uma nova cultura.
O terremoto e o tsunami no Japão também ganharam destaque internacional pela violenta fúria da natureza, mas os cientistas já sabiam que a qualquer momento iria acontecer um mega-terremoto. Estive no Japão logo após um médio terremoto e os japoneses falavam com tanta calma de catástrofes naturais que você chegava a pensar como os nipônicos conseguem viver tranquilos em cima de uma ilha que poderá desaparecer do mapa.
‘Os princípios das dores’
Os desastres naturais continuarão, pois fazem parte do ciclo da natureza, que a cada 12 mil anos precisa se renovar para continuar vivendo. O povo maia e outros mais antigos sabiam disso, tanto que o calendário maia finda em 21 de dezembro de 2012, sugerindo não ser viável e necessária a contagem dos dias após essa data. Em Israel, próximo à fronteira com o Líbano, visitei escavações arqueológicas em que os arqueólogos já haviam encontrado uma cidade em cima da outra, sugerindo já ter ocorrido mais de uma hecatombe.
Por pura coincidência, o terremoto no Japão aconteceu um dia depois do 14º Dalai Lama fazer a sua profética renúncia política, mas para os que acreditam nos mitos religiosos e desprezam a informação de que a vida é apenas mera repetição de fatos, sugiro o evangelho de Marcos, 13:5-37:
‘E, quando ouvirdes de guerras e de rumores de guerras, não vos perturbeis; porque assim deve acontecer; mas ainda não será o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes e tribulações. Estas coisas são os princípios das dores (…). E se o Senhor não abreviasse esses dias ninguém seria salvo; mas por causa dos eleitos que ele escolheu, ele abreviou esses dias…’
******
Advogado e psicanalista, Fortaleza, CE