A tragédia da região serrana do Rio de Janeiro foi esquecida pela maior parte da mídia. Com raras exceções – uma delas foi o Observatório da Imprensa na TV − , pouco se tem dito sobre o drama dos sobreviventes. Ontem, como se partisse do nada, uma manifestação popular sacudiu Teresópolis. O repórter André Oliveira, da Rádio Teresópolis, relata o que aconteceu.
André Oliveira – O que a gente observa é um clima de muita indignação, que começa principalmente na população, que não vê as coisas acontecerem nas localidades mais atingidas. Houve aquele serviço emergencial, simplesmente liberando acesso, jogando barro para o canto, e as pessoas não estão vendo ações diretas do poder público no sentido de se resolverem os problemas. Existem hoje localidades, principalmente na zona rural da cidade, que ainda estão sem acesso. Pontes foram levadas. É quase unânime a participação dos ouvintes nos nossos programas, e as pessoas reclamam disso. E um dos grandes pilares da economia da cidade é exatamente a zona rural, a produção de hortigranjeiros. Mas não é só isso. Nos bairros atingidos, pessoal indignado com aluguel social, achando que tem gente que está sendo beneficiada. E há muitos dias, a gente tem acompanhado, as pessoas têm falado sobre o prefeito, ‘não tem feito nada’, o prefeito, o prefeito. E houve uma grande mobilização, fala-se em três, quatro mil pessoas mobilizadas, isso é algo que nunca se viu antes em Teresópolis, pessoas pedindo a criação da CPI para chegar até, se possível, ao impeachment do prefeito da cidade. Não fosse a presença da Força Nacional, que ainda está na cidade mantendo a ordem, mantendo a paz, eu acho que a noite teria sido mais violenta do que aconteceu.