A cobertura da visita do presidente dos Estados Unidos ao Brasil só alcançou um padrão próximo do da imprensa americana e européia na segunda-feira (21/3), depois de avaliados os discursos oficiais e o comportamento de Barack Obama e sua família na sua primeira viagem ao Brasil.
Os jornais brasileiros não apostaram o suficiente no fato de que Obama tenha mantido a agenda apesar do agravamento da crise no mundo árabe.
Embora as manchetes tenham refletido o esforço dos jornalistas para identificar alguma novidade concreta nos discursos, declarações e comportamento do visitante ilustre, a informação que ficará para a História é a de que Barack Obama decidiu autorizar os ataques ao exército de Muamar Kadafi durante sua viagem ao Brasil.
Ou seja, o Brasil foi um acidente geográfico no seu caminho.
Ginga e ritmo
O enredo mais importante desse trecho da História está acontecendo no Norte da África e no Oriente Médio, não no Brasil. A concessão de uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, que está virando uma obsessão por aqui, não seria anunciada, sugerida ou analisada numa visita protocolar como a que foi feita por Obama.
Como destacaram alguns analistas no fim de semana, Obama veio reforçar os laços comerciais com o Brasil, marcar presença contra a crescente influência da China na região e afagar o ego nacional.
O esforço por detectar algum sinal de apoio à pretensão brasileira e as maquinações mentais para vislumbrar elementos estratégicos nas palavras do presidente americano são apenas parte do trabalho diário do jornalista, que precisa sempre convencer o leitor de que o mais relevante é aquilo que está publicado. Mas faltou, por exemplo, esclarecer os objetivos e o alcance dos nove acordos bilaterais assinados na parte oficial da visita.
A julgar pelas fotografias publicadas pelos jornais, a imagem do Brasil que mais parece ter impressionado Barack e Michele Obama foi a do menino fazendo acrobacias de capoeira numa demonstração que lhe prepararam na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
Mais uma vez, a ginga, o ritmo e a dança fazem a marca do país que quer ser visto como igual entre os grandes.