Primeiro o terremoto, depois o tsunami. Como se não bastasse, o risco de contaminação nuclear também vira preocupação para os japoneses. No jornalismo, a explicação para eventos dessa grandeza são quase sempre feitas por meio de infografias. Afinal, é melhor mostrar em um mapa a área de contaminação radioativa de um lugar do que falar, apenas e genericamente, ‘um raio de 30 km’. Praticamente todos os sites de notícia brasileiros usaram algum tipo infografia para mostrar o tamanho do problema enfrentado pelo Japão. Vejamos quem fez o que: Folha.com
O site traz uma imagem feita por computador da usina nuclear de Fukushima Daiichi. Nela aparecem uns círculos vermelhos em cima de cada reator. Quando o você passa o mouse em cima, ele te dá a informação sobre cada um. Não sou muito fã do conteúdo principal estar em MouseOver (o mouse sobre o item). Imagina se fosse no jornal impresso: cada texto correspondente é pequeno o suficiente para estar visível, num box, sem necessidade de clique ou passar mouse.
A outra arte que a Folha.com fez (logo abaixo na matéria) sobre o acidente é mais didática, seguindo a linha do passo-a-passo. A navegação peca já no início, com o 1 e 2 na primeira aba. Tem uma seta logo ali, que te faz crer que levará (como deveria) para o segundo item. Porém, isso não acontece. Para navegar, só clicando nos itens. Mesmo assim, é uma infografia que oferece uma explicação simples e direta para o perigo das usinas. iG O iG foi quem mais produziu infografias sobre o tema. Até o momento, foram oito. A mais simples é uma imagem mostrando como funciona o sistema de alerta de tsunami. É basicamente uma arte de impresso, sem nenhum diferencial para o online. A infografia sobre como funciona uma usina nuclear também foi bem modesta, apenas uma ilustração explicativa. O mesmo para uma sobre como se forma um tsunami. Mas nesta última, pelo menos, usa-se a possibilidade de animação e interação com clique. O trabalho sobre os danos na usina nuclear se assemelha muito ao material sendo publicado lá fora, usando mapas para mostrar a área atingida. A imagem de satélite funciona bem melhor que uma arte, pois dá para ver o estado em que ficaram os reatores após o tsunami.
A do círculo de fogo é interessante por mostrar pontos com os locais dos 12 terremotos mais intensos já registrados no mundo. Notem que destes, somente 2 não estão no que é chamado círculo de fogo. Eu só colocaria o ano e número de mortos visível no box da esquerda. E uma questão: por que este do Japão aparece com o número 4, mas o texto diz ser o sétimo mais forte da história? Este mostra um mapa do Google e as cidades atingidas por terremotos e tsunamis. Ao clicar em uma das cidades da lista ou nos pontos, abre uma caixa com opções de fotos, informações e links. Simples, porém não dá para saber quais cidades sofreram mais se não clicar em algumas delas e descobrir sozinho, o que torna a navegação pouco informativa. A dos prédios resistentes a terremotos é simples, mas eficiente. Uma animação mostra como um prédio se comporta em uma situação de tremor e um texto do lado explica. Básico e direto. Uma que explica como ocorrem os terremotos é antiga, mas foi atualizada com os maiores abalos. Didática. Estadão Apesar de não ter feito o mais bonito ou extravagante infográfico, o Estadão fez o mais completo sobre o acidente nuclear do Japão.
É o único a reunir informações sobre contaminação, sobre as localizações das usinas japonesas e o funcionamento da usina de Fukushima e seu atual problema. Aliás, detalhe para o níveis de acidentes, que coloca em escala com outros do passado. G1
O G1 tinha um histórico bom de infografias em seu começo, mas hoje parece ter perdido o fôlego (inclusive, a página de infografias não é atualizada desde dezembro). A única arte que achei no site é estática, de um mapa mostrando os pontos dos locais atingidos e as placas tectônicas. Por que o G1 não tem outros infográficos? R7 e Uol Ambos estão usando muitos vídeos de infografias feitas pela AFP, como esta do R7 . De material próprio, somente o Uol, que fez um trabalho de mapeamento das cidades, parecido com o do iG, mas com uma navegação mais agradável, deixando um espaço na lateral direito somente para as fotos e texto dos locais atingidos.
Outros materias próprios não foram tão eficientes, como este mapa de países que receberam alerta de tsunami. Poderia muito bem ser somente um mapa pintado dentro de uma matéria, não uma infografia animada com mouseover. Este outro é mais interessante, mostrando como funciona um reator, mapeando as usinas e os reatores que estão com problema em Fukushima. Na parte de usinas nucleares dá vontade de clicar em uma que está marcada como Estado de Emergência (Fukushima 2) -porém, não é clicável…
MAIS: O site 10,000 words – where journalism and technology meet fez um post com os melhores infográficos para entender a crise no Japão. Vale a pena.
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Jornalista, www.jornalismodigital.org