Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A prova viva de que a televisão mudou

Recentemente, a Rede Globo de Televisão completou 45 anos. Em meio a tantas comemorações, os atuais números de audiência são evidenciados como um dos piores resultados de sua história.

A venda de televisores no Brasil é estatística em curva crescente e o acesso às novidades é incentivado pelo bom momento econômico do país. Apesar desta realidade, os números da ‘maior e melhor emissora de TV’, a Rede Globo, despencam. Para entender este desequilíbrio talvez fosse importante aceitar que a televisão mudou, que os hábitos são outros e que a concorrência existe.

As pessoas chegam mais tarde em casa, os computadores na sala de visitas tornaram-se ‘integrantes’ da família e os valores de TV a cabo favorecem a segmentação. A audiência, que antes era monopólio de uma só empresa, hoje está dividida entre as mais diversas formas de mídia. Chega a ser absurdo fazer comparações. A Globo jamais terá os índices de audiência das décadas de 80 ou 90.

Hoje, ao invés de ver o Jornal Nacional, posso preferir um filme na TV a cabo ou uma linha de shows na concorrência, que minutos antes também já apresentou um telejornal muito parecido com o da Globo, com ex-profissionais da emissora carioca. Sabiamente, se constrói em nós a sensação de que já estamos bem informados e não precisamos mais ser fiéis ao ‘tradicional’ JN.

Adaptação e segmentação

A televisão mudou, vive um novo momento de adaptação. Ao contrário do que muitos pensam estes novos parâmetros podem trazer mais benefícios do que resultados negativos. Segmentação é a palavra de ordem. Com esta realidade podemos ‘fidelizar’ nossa audiência. Sabemos que um número X de pessoas assistem a novela porque gostam da novela e não porque estão sintonizados por falta de opção.

Questões que também favorecem o mercado publicitário. Torna-se possível vender um determinado produto a um público alvo esperado. A novela de Manoel Carlos, Viver a Vida, no quadro comparativo da última década, foi o folhetim de menor audiência, em contrapartida foi a que mais faturou com inserções e merchandising.

É comum vermos em entrevistas diretores da TV Globo mostrarem-se pouco preocupados com a concorrência ou com a queda nos índices. Primeiro porque sabem que a emissora B jamais chegará à liderança em um futuro próximo. E segundo porque conhecem a segmentação como ninguém. Relatórios certamente devem mostrar que a audiência perdida na TV aberta seguramente deverá estar sendo recompensada nos investimentos em internet (globo.com) e nos canais fechados (Globsat).

******

Jornalista, Pindamonhangaba, SP