Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os pacifistas e a imprensa

A seqüência do noticiário sobre o bloqueio e confisco dos seis navios que levavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza revela que o governo de Israel foi obrigado a recuar diante da repercussão negativa do incidente.


Mesmo com o esforço americano para amenizar a linguagem da declaração do Conselho de Segurança da ONU, registre-se que, pela primeira vez na História recente dos conflitos no Oriente Médio, o noticiário produzido pela imprensa chega próximo de um ponto de equilíbrio.


A decisão do governo israelense de deportar rapidamente todos os ativistas detidos nas embarcações é também um sinal dos tempos. Que tempos são esses, só o tempo dirá.


A julgar pela ampla coleção de artigos e reportagens que invade a internet desde a tarde de segunda-feira (31/5), a ação atabalhoada e sangrenta dos militares israelenses apressou o objetivo dos manifestantes: pressionado pelos fatos, o governo do Egito decidiu reabrir a passagem de Rafah, permitindo que muitas famílias de palestinos se reencontrem e rompendo o isolamento dos moradores de Gaza.


Estado independente


Mas não só de atos de boa-vontade é feito o dia seguinte. Também são colhidas análises perturbadoras sobre o que se passa no cenário atual do mais velho conflito da humanidade.


Segundo o jornalista Gilles Lapouge, do Estado de S.Paulo, decano dos comentaristas internacionais, o exército de Israel vem sendo controlado progressivamente por oficiais alinhados com os grupos religiosos radicais que se opõem aos esforços de paz.


Na Folha de S.Paulo, o escritor israelense Amós Oz condena a constante escolha dos sucessivos governos de Israel, desde 1967, pelo uso da força.


Outros artigos publicados por jornais de papel ou na internet apontam para decisões irracionais tomadas por governantes, sob pressão de fanáticos religiosos.


De repente, a violência protagonizada por militares israelenses contra um grupo de pacifistas pode fazer muito mais pela paz do que as muitas reuniões de cúpula realizadas na ONU. Basta que a imprensa retrate os fatos como eles ocorrem, para que o mundo reconheça a urgência de se garantir aos palestinos um Estado independente, com fronteiras definidas e seguras.


Os pacifistas que enfrentaram os militares israelenses furaram não apenas o bloqueio da Faixa de Gaza. Romperam também alguns velhos muros da imprensa.


 


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