Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cobertura política em foco

Tive a oportunidade de estagiar por dois anos na Rádio Senado, e pude acompanhar de perto uma série de crises a partir de 2008, pouco depois da saída de Renan Calheiros da presidência, assumida pelo senador Garibadi Alves. De nepotismo, funcionários fantasmas e atos secretos a sungas vermelhas do super homem. Um fator me intrigou: a preponderância de escândalos e a superficialidade na cobertura jornalística no Congresso.

De fato, a imprensa não pode deixar de mostrar as mazelas e procurar descobrir falcatruas de nossos representantes. A proposta do trabalho não foi passar uma ideia fantasiosa ou romântica de política, nem defender A ou B. Mas analisar como e por que a cobertura política está tão amarrada a escândalos políticos.

O impacto da mídia na vida da população é impressionante. A veiculação diária de escândalos tem contribuído para a formação política do brasileiro? Esta é uma função dos veículos de comunicação? Estas e outras perguntas foram apresentadas e debatidas neste programa com jornalistas e pesquisadores, como Leandro Fortes, da Carta Capital, Rinaldo de Oliverira e Sérgio Galdino, da Band, Paulo Henrique Amorim, da Record, Leandro Colon, do Estadão, professor Salomão Amorim, professor Luis Santoro, da USP, e pela professora e coordenadora de política da UNB, Marilde Loiola.

O pano de fundo para esta análise foi a crise política no Senado Federal em 2009, desencadeada após a eleição do senador José Sarney à presidência da Casa. O trabalho foi apresentado em dezembro de 2009 no Instituto de ensino superior de Brasília – IESB, e eu acredito que contribui para ampliar o debate sobre os escândalos políticos e a espetacularização das notícias, principalmente nesta época de eleições, e seria gratificante compartilhar isso no Observatório.

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Gostaria de sugerir uma pauta para o programa sobre o vazamento absurdo e constante que ocorre no Golfo do México. A mídia, sempre que pode, evita usar o nome da companhia British Petroleoum e utiliza a sigla ‘BP’. Outro detalhe que impressiona é o suposto silêncio de organizações não governamentais internacionais protestando contra esse vazamento. É estranho também que ONGs como o Greenpeace não estejam nos EUA protestando com veemência contra o governo daquele país como fizeram no Brasil contra a construção de Belo Monte. Afinal, é culpa da mídia que não transmite os protestos ou culpa das ONGs que, quando se trata de um país que é potência, dão um tratamento ‘diferenciado’? (Marcus Vinicius Macedo, universitário, Rio de Janeiro, RJ)

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O blog Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, foi censurado na quarta-feira (2/6). Uma ordem judicial obrigou-o a retirar uma entrevista com Miguel Carter, autor do livro ‘Combatendo a Desigualdade Social – O MST e a Reforma Agrária no Brasil’, onde afirma que entidades ruralistas, como a CNA, entidade presidida pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), recebem 25 vezes mais dinheiro público que as entidades parceiras do MST. Por isso, em nome da liberdade de informação na internet – e da própria sobrevivência dos blogs! – sugiro que o OI repercuta essa péssima notícia, divulgando também o conteúdo – totalmente inócuo, a meu ver – da matéria censurada. (Alcino Demby, gráfico, Rio de Janeiro, RJ)

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Jornalista, Brasília, DF