Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Imprensa luta para cobrir consequências do vazamento

Três meses depois do início do gigantesco vazamento de petróleo no Golfo do México, a imprensa continua encontrando dificuldades em cobrir o assunto. Jornalistas envolvidos na cobertura esbarram na falta de informações independentes, e são obrigados a confiar apenas na versão apresentada pela BP, companhia britânica responsável pelas plataformas envolvidas no incidente.

Três semanas depois do início do desastre ambiental, a imprensa enfrentou restrições em vôos na área atingida por conta de supostos ‘motivos de segurança’. Repórteres chegaram a ser ameaçados de prisão ao tentar visitar praias atingidas pelo petróleo. De acordo com a agência Associated Press, foram registrados pelo menos quatro incidentes deste tipo em junho.

Na busca por informações, jornalistas se viram em meio a um caos de desinformação. Quando o presidente da AP, Tom Curley, escreveu ao porta-voz da Casa Branca pedindo que o acesso da imprensa as dados fosse ampliado, recebeu a resposta de que, se jornalistas tivessem reclamações, que ligassem para um centro de informações operado pelo governo federal e pela BP em Nova Orleans. Ao ligar para o centro, entretanto, repórteres eram informados de que não se tratava de um serviço para queixas da mídia, e sim um escritório de gerenciamento de operações de limpeza administrado pela Guarda Costeira.

Relações Públicas

Enquanto a imprensa lutava para obter acesso às praias e registrar as consequências do vazamento – que foi contido depois de 85 dias –, a BP contratava seus próprios jornalistas. No jornal online Planet BP, voltado originalmente a funcionários da empresa, eram publicados artigos favoráveis a suas ações. Uma das matérias citava um pescador dizendo que não havia razão para ficar bravo com a BP.

Em um estudo divulgado em junho pelo Pew Research Center for the People & the Press, os entrevistados disseram confiar mais na cobertura da mídia do que nas informações sobre o vazamento fornecidas pela Casa Branca e pela BP. Uma pesquisa publicada pela CBS News no mesmo mês concluiu que sete em cada 10 pessoas desaprovavam o modo como a BP estava lidando com a crise e 47% acreditavam que o governo de Barack Obama não estava fazendo o suficiente para lidar com ela. Informações da Repórteres Sem Fronteiras [23/7/10].