Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O caso do site gratuito que deu certo

O cada vez mais amplo debate sobre o pagamento de conteúdo jornalístico na internet parece ter sempre as mesmas duas opções: cobrar os leitores pelo acesso e correr o risco de perdê-los ou não cobrar e correr o risco de ir à falência. O jornal britânico Daily Mail, no entanto, parece ter conseguido driblar o problema. Com 1,9 milhão de cópias vendidas diariamente e 40 milhões de visitantes únicos por mês em seu site, o Mail é hoje um exemplo de sucesso no jornalismo do Reino Unido. Em 2009, os rivais Telegraph e Guardian ainda conseguiam, por vezes, competir de perto com o Mail. Mas agora, com crescimento de 72% ao ano, seu site atingiu um novo patamar.


Os críticos dizem que o jornal conseguiu aumentar o tráfego apelando para o sensacionalismo: com fotos e fofocas de celebridades. Mas talvez a acusação não seja inteiramente justa. O site do Mail consegue evitar a cobrança de conteúdo porque, na prática, não precisa dela. O tráfego traz publicidade cada vez mais rápida, e com isso o Mail online consegue se manter. Em breve, acredita seu editor-chefe, deverá atingir o tão almejado lucro. Simples – e talvez daí venham as críticas.


Sobre regras e nichos


Em artigo do Observer reproduzido no site do Guardian, Peter Preston [18/7/10] argumenta aos críticos que não existem regras que obrigam os jornais online a serem cópias exatas de seus irmãos impressos. Também não há regras dizendo que o sucesso financeiro de um jornal impresso é o mesmo quando ele é transferido para a tela do computador. O tablóide Sun, por exemplo, vai bem nas vendas de papel, mas, com 20 milhões de visitantes únicos por mês em seu site, acabou ultrapassado pelos rivais. Lembrando que o Sun pertence à News International, do super magnata de mídia e super defensor da cobrança na rede Rupert Murdoch.


‘O mercado online, assim como o mercado impresso, está começando a apresentar regras próprias’, diz Preston. Assim como não acredita em cobrança online, o Mail também não acredita em redações misturadas: a equipe que faz o jornal é separada da equipe que faz o site. Neste caso, a política de não-integração funciona. Com 16 milhões de visitantes únicos no Reino Unido e 23,6 milhões no resto do mundo, o site construiu uma boa rede de leitores fiéis. ‘E quando estamos lidando com nichos e alvos – para leitores e para anunciantes – a cobrança online se torna apenas uma parte do debate, e não a solução final’.