A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de considerar inelegíveis também os candidatos condenados antes de sancionada a Lei da Ficha Limpa, gera um desafio para toda a imprensa brasileira, inclusive para os jornais regionais e as pequenas emissoras de rádio do interior.
A lei também vale para políticos que no passado recente usaram o artifício de renunciar a seus cargos para evitar a cassação pela quebra do decoro. Eles contavam com uma inelegibilidade de três anos, período que usavam para preparar seu retorno nas eleições seguintes. Com a nova lei, a inelegibilidade passa para oito anos.
O desafio para a imprensa é identificar os candidatos nessa condição que se apresentarem nas eleições deste ano.
As edições de sexta-feira (18/6) dos jornais apontam os casos de pelo menos três ex-governadores – Jackson Lago, do Maranhão, Marcelo Miranda, do Tocantins, e Cássio Cunha Lima, da Paraíba – que tentam voltar à vida pública.
A lei deve alcançar também o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, seu ex-vice, Paulo Octávio, e os deputados filmados recebendo dinheiro do chamado ‘mensalão do DEM’.
Outros parlamentares que renunciaram após serem acusados de corrupção e alegaram ter usado dinheiro de caixa 2 de campanha, inclusive no chamado ‘mensalão do PT’, engrossam a lista.
Boa oportunidade
A decisão do TSE atinge em cheio a velha prática de jogar a culpa na contabilidade de campanha e renunciar para voltar ao poder nas eleições seguintes.
Os jornais prevêem uma avalancha de recursos junto à Justiça, uma vez que não se esperava que o TSE determinasse que a lei devesse alcançar também os já condenados.
Alguns candidatos poderão obter registros provisórios, o que deve causar mal-entendidos no eleitorado. Muitos desses políticos já se encontram em campanha, com material de divulgação pronto ou encomendado e comitês montados em suas bases eleitorais.
A decisão da Justiça Eleitoral pode ser também um ponto de partida para a renovação de candidaturas, obrigando muitos partidos a reconsiderarem suas alianças regionais.
A imprensa tem uma grande oportunidade para ajudar o eleitor a não desperdiçar seu voto.