Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

O atribulado cotidiano da seção internacional

Um dia na seção internacional do New York Times começa com o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, preso no porão de sua casa, em Abidjan, e continua com matérias de cinco continentes, operando a todo vapor desde janeiro, quando uma série de eventos extraordinários eclodiu em todo o mundo, comenta, em sua coluna [10/4/11], o ombudsman Arthur S. Brisbane.

Às 7h30 da manhã, o editor J. David Goodman já está de olho na tela de computador na redação em Nova York, monitorando matérias – catástrofe no Japão, revoltas árabes, guerra no Afeganistão, conflito entre Israel e Palestina, guerra pelo poder na Costa do Marfim. Com as tecnologias digitais, o volume e a urgência das informações é grande, assim como a velocidade em que mudam.

São muitas as decisões que devem ser tomadas diariamente. Goodman deve decidir, por exemplo, o que fazer com uma notícia da AP sobre as forças de segurança de Alassane Ouattara, presidente eleito da Costa do Marfim, terem tomado a casa de Gbagbo, que se recusa a deixar o poder depois de perder as eleições no fim do ano passado. Goodman deve atualizar o artigo no site do jornal? Neste momento, entra em cena Ed Marks, um dos diversos editores que decidem o que deve entrar na pauta, e discute a fonte da informação. Goodman não consegue falar com o correspondente Adam Nossiter, que está em Gana, para que ele dê sua opinião.

Marks começa a editar, quando Goodman foca sua atenção em Laura Kasinof, correspondente que acaba de ligar do Iêmen. Ela tem informações para passar, mas, como adianta, “é tudo sempre confuso” no país. Assim continua o dia, com informações chegando e tendo de ser confirmadas, para que o site esteja constantemente atualizado e também sejam preparadas matérias para a versão impressa – com enfoque especial para a capa.

Redes física e eletrônica

Para isso, a seção funciona com um complexo sistema de redes. Na rede física, há fotógrafos e correspondentes espalhados pelo mundo. O diário também trabalha em parceria com o International Herald Tribune, definida como a “edição global” do NYTimes, e suas sucursais em Paris e Hong Kong. Já a rede eletrônica do jornal pode ser acompanhada das duas telas de computador de Goodman, com notícias de agências, como AP, AFP, Bloomberg e Reuters. Atualizações do Twitter chegam constantemente de blogueiros e rivais. Sistemas internos para o impresso e o site mostram as matérias em construção. Mensagens instantâneas piscam continuamente.

Liderando todo o processo está Susan Chira, editora da seção desde 2004. Ela edita artigos, toma decisões e dá apoio moral. Susan tenta evitar que situações ruins aconteçam e, no topo da lista de prioridades, está a segurança dos jornalistas em áreas de conflito. Em 15/3, quatro repórteres do NYTimes foram presos na Líbiapor seis dias. Em conversa com C.J. Chivers, correspondente no leste do país, Susan foi contra enviar jornalistas para outros lugares perigosos na Líbia. Uma outra preocupação é evitar erros sob pressão. Rick Gladstone, editor encarregado de manter a lista atualizada de matérias do NYTimes e de acompanhar as notícias do International Herald Tribune, diz se sentir trabalhando em uma agência de notícias.