O Exército egípcio emitiu um requerimento para que a mídia local impressa obtenha aprovação prévia para publicar qualquer menção às Forças Armadas. Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, trata-se da medida mais danosa para a liberdade de imprensa no país desde a queda do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro.
O diretor da Junta de Assuntos Morais do Exército, o major-general Ismail Mohamed Othman, enviou uma carta no dia 22/3 a editores de publicações egípcias pedindo que não publiquem ‘matérias, fotos, declarações, queixas ou anúncios relativos às forças armadas ou aos comandantes das forças armadas sem primeiro se consultarem com a Junta de Assuntos Morais ou com a Junta de Inteligência Militar, por elas serem autoridades especializadas em analisar tais temas, em um esforço para garantir a segurança da nação’.
Censura militar
O grupo Human Rights Watch foi o primeiro a divulgar a existência da carta, seguido por diversos blogs. ‘A carta do Exército egípcio a editores locais aproxima-se de censura. Ela efetivamente institucionaliza um regime de censura militar no país, o que vai de encontro aos princípios e espírito da revolução’, afirmou Mohamed Abdel Dayem, coordenador do programa do CPJ no Oriente Médio e na África do Norte.
Pouco depois da carta do Exército, mais um indício de desrespeito à liberdade de imprensa no país. No início de abril, uma corte militar no Cairo condenou o blogueiro Maikel Nabil Sanad a três anos de prisão por ‘insultar o Exército’. Sanad havia sido preso no dia 28/3 por ter escrito um artigo em que acusava o Exército de falta de transparência. Informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas [15/4/11].