A discussão sobre rádio está cada vez mais pobre , pois são poucos os grupos que se preocupam em avaliar e discutir este meio de comunicação que para muitos está fadado ao fracasso e ao fim. A discussão sobre a situação do rádio vem sendo pouco promovida e isto é um mal para um meio de comunicação que tem história e penetração em todos os segmentos da sociedade. Fomentar a discussão sobre a situação do rádio é deveras importante para o bem da comunicação e para a própria construção da sociedade, pois o que se diz no rádio repercute em quase todos os lugares da vida moderna.
É importante refletirmos sobre o rádio que merecemos nos dias de hoje, quando este meio, por não ter fiscalização nem dos que deles se dizem proprietários, é povoado por transmissões agressivas e por uso desenfreado da política e da religião, geralmente em detrimento dos verdadeiros interesses populares. O rádio que o povo merece é um rádio altivo, forte, respeitoso, valoroso e cheio de mensagens que enalteçam as lutas populares, o desejo de crescimento e a informação que eduque e conscientize o cidadão de seus direitos e deveres.
A busca por um rádio-cidadão e respeitoso deve ser uma bandeira de todos os setores da sociedade, pois um rádio que valorize as pessoas e busque a cidadania será sempre bem-vindo pelos seus usuários, que certamente gostam de rádio que informe, que eduque e, sobretudo, que faça parte da vida de todos os indivíduos. A informação via rádio deve ser pautada por um processo que envolva a todos na construção de uma sociedade melhor e mais justa.
A fraqueza do Ministério das Comunicações
Há, sim, desprezo pelo rádio, pois verificamos que as informações e discussões que levantamos em relação a este meio de informação (OI), geralmente não têm comentários nem divulgação em blogs, sites e outras redes sociais que existem nos diversos canais de informação – talvez por ferir suscetibilidades ou ir de encontro a interesses que se escondem na informação do jeito que está agora.
O povo merece um rádio que fale sua linguagem, que discuta seus problemas e que todos estes problemas tenham resposta por parte dos que estão no poder. Os que estão no poder devem ouvir rádio e devem acreditar nas mensagens que vêm deste meio de comunicação para procurarem desenvolver suas políticas em nome dos verdadeiros interesses populares. O rádio deve ser plural, verdadeiro e com programação que atenda todos os interesses e todas as classes sociais.
Não merecemos , portanto, um rádio que fale apenas de uma religião ou que enalteça apenas um grupo político, pois este meio de comunicação deve ser uma caixa de ressonância do que pensa e do que quer nossa sociedade. Nesse sentido, vemos aí a fraqueza do Ministério das Comunicações, que deixa o rádio à mercê de dominações políticas e religiosas tirando seu caráter de concessão pública e prejudicando frontalmente a comunicação e seu caráter democrático.
Contra a discriminação e o desrespeito
Nosso povo merece um rádio altivo, combativo e forte, no sentido de garantir uma comunicação que seja verdadeira , adequada às famílias e pronta para o combate às anomalias da sociedade, como a fome, a miséria, a corrupção, a criminalidade e a má qualidade da educação e da saúde. As programações de rádio devem buscar discussões sobre os problemas ecológicos, sobre a pluralidade cultural de nosso povo, sobre as formas incorretas de gestão pública e, sobretudo, sobre os problemas que provocam pobreza, desigualdade social e injustiças.
O rádio deve ser plural, altivo e forte contra qualquer manifestação de discriminação e desrespeito ao cidadão. Dessa forma, é preciso construir um rádio que seja pautado pelos desejos da comunidade e satisfaça os interesses do cidadão para o bem da comunicação e de todos que dela fazem parte. O rádio deve, pode e será sempre o meio de comunicação mais versátil, simples e adequado à população, que merece ter em mão mecanismos para mostrar sua voz, seus interesses e suas necessidades.
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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE