Jornais contam o cotidiano, a soma de cotidianos faz história. E quem é que faz os jornais? Quem conta os cotidianos do mundo? Aliás, quem fazia os jornais e revistas em seus tempos de desafios e romantismo, sem os recursos tecnológicos de hoje? Como eram feitos os jornais? Que lições merecem ser guardadas?
As respostas a essas perguntas podem ser encontradas no livro Memória de Repórter: Lembranças, casos e outras histórias de jornalistas brasileiros – décadas de 1950 a 1980, cujo lançamento será no dia 23 de setembro de 2010, às 20h, no auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro – Rua Evaristo da Veiga 16, 17º andar – Cinelândia.
Simultaneamente, haverá a cerimônia de inauguração do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo, responsável pela publicação do livro, e da Sala Joel Silveira, onde está abrigado o acervo de livros e objetos doados pela família do poeta e jornalista, nascido em 23 de setembro de 1918. O Centro, uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas, com patrocínio da Petrobras, vai funcionar provisoriamente em um grupo de salas no sétimo andar do prédio da Evaristo da Veiga 16.
O livro Memória de Repórter, com dezenas de fotos e ilustrações de época, reúne depoimentos de jornalistas que ao longo das últimas décadas fizeram história e a contaram em jornais e revistas. São 60 profissionais com lugar assegurado entre os construtores da informação em nosso país. Por meio desses depoimentos, é possível traçar neste livro a trajetória não apenas da imprensa, mas do próprio Brasil.
Técnica e texto
Entre os entrevistados estão os jornalistas Alberto Dines, Augusto Nunes, Ana Arruda, Caco Barcellos, Cícero Sandroni, Clóvis Rossi, Dácio Malta, Ferreira Gullar, Janio de Freitas, José Louzeiro, Lan, Luiz Garcia, Marcos de Castro, Maurício Azêdo, Milton Coelho da Graça, Murilo Melo Filho, Sandra Passarinho, Sérgio Cabral, Villas-Bôas Corrêa, Zuenir Ventura.
Há relatos engraçados como o de Ferreira Gullar sobre os jornais da década de 1950, quando os jornais só se interessavam pelos fatos ocorridos na Europa e nos Estados Unidos e as notícias locais ou mesmo nacionais não mereciam ir para as primeiras páginas. ‘Isso é que era ser colonizado. Importava o que acontecia em Londres, Paris e Washington. Sem falar que todos se preocupavam em dar conselhos a Washington, os editoriais aconselhavam presidentes de todo o mundo’, diz Gullar.
Fala também dos estilos adotados para compor o texto jornalístico. Zuenir Ventura lembra que naquela época existiam duas escolas, uma da Tribuna da Imprensa e a outra do Diário Carioca. ‘Cuidavam muito da técnica e do texto. O (Carlos) Lacerda (na Tribuna), de tão rigoroso, eu brincava dizendo que para escrever um adjetivo ou um advérbio, precisávamos preparar um memorando pedindo. Ele revolucionou a linguagem jornalística, ao expurgar seus aspectos mais supérfluos’, conta.
Ainda ganham destaque o papel dos profissionais de imprensa nos momentos políticos mais importantes do país, o governo de Getúlio Vargas, o suicídio, o nascimento de Brasília, a revolução cubana, a revolução no aspecto gráfico do Jornal do Brasil, as grandes revistas, a greve de 1962, os anos sombrios da ditadura, os alternativos, até a década de 1980 com o fim dos aspectos românticos na imprensa que deram lugar ao jornalismo profissional.
Mais informações
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro
Rua Evaristo da Veiga 16, 17º e 7º andares – Cinelândia
Telefone: 3906 2450
Endereços eletrônicos: sindicato-rio@jornalistas.org.br e imprensa@jornalistas.org.br