O documentarista Morgan Spurlock conseguiu reunir US$ 1,5 milhão de diversas empresas para financiar, por meio de merchandising, seu mais recente filme, que analisa… o merchandising. Até mesmo o nome do filme, que estreou na semana passada nos cinemas nos EUA, foi mudado para divulgar a marca de sucos POM: POM Wonderful Presents: The Greatest Movie Ever Sold (POM apresenta maravilhosamente: o maior filme já vendido, tradução livre). ‘Sou incrivelmente convincente’, disse o diretor, rindo da sua ideia. ‘Mas foi preciso muita súplica para convencê-los, houve muitas negociações contratuais’.
Desde que o documentário foi lançado no Festival de Sundance, em janeiro, Spurlock conseguiu atrair mais empresas para patrociná-lo. Na semana passada, ele anunciou a adesão de mais oito patrocinadores, aumentando o total para 22. A ideia do filme surgiu quando Spurlock e o produtor Jeremy Chilnick assistiam ao seriado de TV Heroes e um dos personagens ficou muito animado com uma determinada marca de carro. ‘Pensei que é assim que somos atualmente na TV, um comercial ostensivo no programa. Então, vamos fazer um filme que foca no merchandising, sendo completamente pago por merchandising’, contou.
Correndo atrás do patrocínio
Spurlock e Chilnick chamaram centenas de empresas a participar, começando com agências publicitárias e estrategistas de marketing – todos recusaram. Então, eles começaram a entrar em contato diretamente com as empresas. O público vê Spurlock escolhendo as companhias de um modo bem humorado, prometendo beber apenas sucos POM, ficar somente em hotéis Hyatt, voar pela JetBlue, entre outros. Ele analisa o mundo dos filmes, TV e música, entrevistando diretores de Hollywood. ‘As pessoas que fazem os grandes blockbusters têm de jogar o jogo, porque para fazer um filme que custa US$ 200 mil, você tem de fazer tudo que puder’, diz.
Assim como o seu filme Super Size Me, que critica o McDonald’s, Greatest Movie Ever Sold tem um lado sério. Spurlock vai a escolas americanas que estão lutando para conseguir financiamento e pensando em usar empresas para fazer propagandas para os alunos. ‘Os anúncios estão começando a infiltrar o sistema educacional’, observa. Spurlock chegou a viajar inclusive para São Paulo, onde há cinco anos foram proibidos os anúncios em outdoors, possibilitando que a arquitetura da cidade fosse mais bem observada. ‘Talvez eliminar as propagandas em cada cidade no mundo não seja a resposta, mas é um modo incrível para se ter um olhar diferente’, afirma. Informações de Christine Kearney [Reuters, 20/4/11].