A edição mais recente da revista Caras, publicação da Editora Abril, chegou às bancas ontem com tarjas pretas na capa e nas páginas que trazem reportagem sobre a morte da atriz Cibele Dorsa, no último sábado [26/3], após se atirar da janela do edifício onde morava, na Zona Sul de São Paulo. A revista semanal recebeu uma decisão judicial, na noite de segunda-feira [28/3], que a proibia de mencionar o nome e publicar fotos de Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, ex-marido da atriz.
Nos textos das cartas, Cibele se despedia da família, deixava mensagem aos filhos Viviane, de 8 anos (do casamento com Doda), Fernando, de 13, (do relacionamento com o empresário Fernando Oliva), além de fazer críticas ao ex-companheiro Doda.
A revista recorreu à Justiça contra a censura, mas o recurso foi negado ontem, segundo o diretor corporativo da Caras, Luís Fernando Cyrillo Maluf.
– Ainda cabe recurso à decisão. E vamos recorrer. A revista foi publicada com tarjas pretas na capa e em sete das 18 páginas da reportagem sobre a morte da atriz – conta Maluf.
‘Um absurdo’
Na noite de segunda-feira, por volta das 21h30m, quando a ordem judicial chegou à redação, a revista já estava sendo impressa. A equipe colocou um aviso no site da revista e retirou os trechos das cartas que Cibele enviou à editora antes de morrer.
– Foi censura prévia. Esta é a primeira vez que a Caras recebe uma decisão judicial neste sentido. Como a revista já estava na gráfica, o que nos restava era colocar as tarjas pretas. Não fizemos sensacionalismo. Recebemos um material, e a decisão era publicar ou não. Resolvemos publicar. Os leitores querem notícia, e Cibele fazia parte do universo de Caras – disse Maluf.
Ainda segundo ele, no sábado, quando a reportagem e as cartas foram publicadas no site da revista, na íntegra, o acesso à página quadriplicou.
– E depois que colocamos o comunicado sobre a decisão judicial, proibindo a citação a Doda, o acesso ao site diminuiu – relata Maluf.
Na decisão judicial, além do veto de fotos e dos trechos das cartas de Cibele que mencionavam o nome do ex-marido, a Caras também está proibida de citar o nome de Doda em seus próprios textos. Os filhos de Cibele Dorsa moram com Doda na Bélgica.
A assessoria de imprensa de Doda Miranda informou que ele não irá comentar o caso. A única manifestação ocorreu na segunda-feira, quando ele enviou cartas à imprensa dizendo que lamentava a morte de Cibele.
Antônio Carlos Mendes, advogado da família de Doda, disse ao site G1 que a ação judicial foi fundamentada no direito de família para proteger a imagem dos filhos de Cibele, e não a de Doda. Ainda segundo o advogado, não é questão de censura.
– Mas é um absurdo a revista se aproveitar de uma situação dessas. Como uma pessoa que vai tirar a própria vida pode estar em estado normal para deixar uma carta? –declarou o advogado.