A organização Repórteres Sem Fronteiras será autora conjunta em uma ação aberta esta semana pelo Le Monde, que acusa conselheiros do presidente Nicolas Sarkozy de terem violado diretamente uma nova lei de proteção a fontes ao usar uma agência doméstica de inteligência para identificar um funcionário que passava informações ao jornal.
Em artigo publicado no dia 13/9, o Le Monde acusou o Palácio do Eliseu de usar a agência de inteligência para identificar o responsável pelo vazamento de informações sobre uma investigação judicial em um caso envolvendo o ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt. ‘O governo usou recursos que violam a lei de proteção de fontes em uma tentativa de colocar um fim aos vazamentos’, diz o diário.
A RSF instruiu seu advogado, Jean Martin, para se reunir com o escritório do procurador geral para abrir formalmente a queixa, na qual funcionários do governo não identificados estão sendo acusados, além de burlar a lei de proteção de fontes, de várias outras violações criminais. ‘A violação da lei é inaceitável, especialmente com o presidente tendo apoiado sua adoção. Pedimos ao Parlamento para indicar uma comissão para investigar tais alegações’, pediu a organização, que fez campanha, durante anos, para a aprovação de uma lei que protegesse a confidencialidade das fontes de jornalistas. Sob a lei, que teve uma emenda sancionada este ano por Sarkozy, autoridades têm o direito de investigar vazamentos de informações confidenciais, mas tais investigações devem ser conduzidas de acordo com a legislação. Qualquer falha em respeitá-la deve ser punida.
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O caso, conhecido como ‘Bettencourt-Woerth’, começou envolvendo uma ação da filha de Liliane, Françoise Bettencourt-Meyers, contra um fotógrafo que já foi agraciado por doações de sua mãe no valor de um bilhão de euros. No entanto, logo tomou um caminho político envolvendo o ministro, cuja mulher trabalhava na empresa que administra o dinheiro da bilionária. Ele teria fechado os olhos para a evasão fiscal praticada em larga escala pelos administradores da fortuna pessoal da dona da L’Oréal. Além do mais, teria recebido dinheiro para a campanha presidencial e teria conseguido, graças a sua influência, o emprego para a mulher. Informações da Repórteres Sem Fronteiras [21/9/10].