Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Que absurdo!

É incrível como algumas pessoas gostariam de estar na Europa quando, na verdade, estão no Brasil, no Rio de Janeiro, terra da descontração, do bom humor e da boa informalidade.

Na edição do Jornal do Brasil de sexta-feira (16/9), a colunista Heloísa Tolipan publica sob o título ‘Absurdo’, uma nota lamentando o fato de a platéia do Teatro Municipal do Rio ‘cair na gargalhada’ depois de o maestro ter anunciado que o solista daquela noite não poderia se apresentar, pois teria sido atropelado por uma bicicleta.

Caríssima Heloísa: o carioca é assim mesmo. Às vezes, ri da própria desgraça, e sua gargalhada nem sempre significa desrespeito. Aliás, convenhamos, ser atropelado por uma bicicleta é digno de passar nas videocassetadas do Domingão do Faustão. Ah, mas gargalhar no Municipal não pega bem, não é? Ainda mais, antes de um concerto… É exatamente essa sacralização do Municipal que muitas vezes afasta o público mais informal dos concertos e do universo da música clássica no Brasil.

Mais tempo

A colunista também lamenta o fato de a platéia ter ‘aplaudido errado’ no intervalo entre os movimentos. Oh, meu Deus, que gafe, não é?! Em Viena, isso jamais aconteceria!

Mas… será que no ‘Jornal da Áustria’ alguém se preocuparia com o lindo vestidinho salmão manga curta que a vocalista da banda Pato Fu usaria no lançamento de seu CD? Bem, Heloísa se preocupou. Inclusive, citando o nome do costureiro.

Talvez, se houvesse um pouco mais de comprometimento da imprensa com a qualidade e menos com a ‘amizade’ nas notícias, o carioca até poderia ‘aprender’ a aplaudir na hora certa.

E a colunista teria mais tempo para ir a Viena.

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Músico e estudante de Jornalismo da Facha, Rio de Janeiro