Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

ELEIÇÕES
Primeira Página da Folha tem retratos de Vik Muniz

O artista plástico Vik Muniz, 48, assina os retratos estilizados dos três principais candidatos à Presidência estampados na primeira página da Folha de hoje.

Radicado nos EUA, ele é um dos artistas brasileiros mais festejados no exterior.

Suas obras foram expostas ou compõem o acervo de instituições como o MoMA, em Nova York, e o Centre Georges Pompidou, em Paris.

Emolduradas por papel picado, as imagens criadas agora por Muniz integram a série ‘Imagens de Papel’:

‘É uma referência à esperança de vitória, celebrada com papel jornal picado. Mas há uma ironia: o que está rasgado ali pode ter sido um dia notícia negativa para o político, na imprensa’, diz ele.

A própria disposição do papel em torno das fotos, de uma ‘naturalidade estudada’, brinca com a dualidade entre espontaneidade e controle total de candidatos guiados por marqueteiros.

Na quinta à noite, ao falar com a reportagem, o artista afirmava não ter definido seu voto para presidente: ‘Isso facilitou meu trabalho’.

 

Vinheta destaca a cobertura da eleição de 2010

A Folha adotou neste ano a vinheta ‘Presidente 40’ nas reportagens sobre a sucessão presidencial.

Desde a Proclamação da República, 39 pessoas já exerceram a Presidência, segundo o site do governo. O sucessor de Lula será, portanto, o 40º presidente.

A contagem leva em conta os seis integrantes de duas juntas militares que assumiram o poder -a primeira na Revolução de 1930, que depôs Washington Luís, e a segunda em 1969, durante a enfermidade de Costa e Silva.

Dos 39 ocupantes do cargo, 16 foram eleitos diretamente e sete foram eleitos indiretamente pelo Congresso. Cinco vice-presidentes eleitos diretamente se tornaram titulares, assim como dois escolhidos indiretamente pelo Congresso.

Dois presidentes da Câmara ocuparam o cargo por períodos bastante curtos. Um presidente do Senado e um do Supremo Tribunal Federal completam a lista.

 

Folha faz hoje cobertura inédita ao vivo

A Folha faz hoje uma inédita cobertura eleitoral on-line e em vídeo, com transmissão ao vivo pela Folha.com.

Além de flashes durante a votação, logo após o fechamento das urnas haverá entradas ao vivo com comentários e análises sobre últimas pesquisas e dados do TSE.

Repórteres acompanharão os principais presidenciáveis ao longo do dia. Haverá transmissão de imagens em tempo real captadas em São Paulo, Porto Alegre e Brasília. Os jornalistas também entrarão ao vivo, via áudio, com as últimas informações sobre o processo eleitoral de várias partes do país.

O conteúdo exibido no site poderá ser acessado no iPhone e no Facebook, por meio da página do jornal no site de rede social (facebook.com/folhadesp).

Cerradas as urnas, a TV Folha levará ao ar um programa especial, apresentado pelo repórter da Sucursal de Brasília Fernando Rodrigues a partir da Redação do jornal, em São Paulo.

A atração terá análises e comentários de colunistas e jornalistas da Folha, como Clóvis Rossi, Maria Cristina Frias, Fernando de Barros e Silva, Gilberto Dimenstein, Eliane Cantanhêde, Valdo Cruz, Renata Lo Prete, Mônica Bergamo, Vinicius Torres Freire e Josias de Souza.

Outros colunistas do jornal, como Danuza Leão, Janio de Freitas, Michael Kepp e João Pereira Coutinho, bem como os correspondentes do jornal pelo Brasil, também participarão diretamente do programa, via telefone.

A equipe de correspondentes no exterior mostrará a repercussão do processo eleitoral fora do país.

Ao lado de convidados do mundo político e do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, Rodrigues e a equipe do jornal vão acompanhar a apuração dos votos em tempo real e discutir as perspectivas pós-eleitorais no país após oito anos da administração de Lula.

O programa terá uma câmera que circulará pela Redação, para apresentar comentários da equipe que participa da cobertura eleitoral.

O site especial de Eleições da Folha.com (folha.com/eleicoes2010) disponibiliza serviços especiais como a cola eletrônica, para ajudar o eleitor na hora de votar, perfis de candidatos e respostas às dúvidas mais frequentes.

A página acompanhará a apuração, em tempo real com dados do TSE.

 

TELEVISÃO
Laura Mattos

‘Faço uma tal de luzes no cabelo’, diz Edson Celulari

Edson Celulari, 52, em ‘Araguaia’, não é o mocinho, mas pai dele (vivido por Murilo Rosa, que tem 40 anos) e morrerá na terça. Para compensar a ‘injustiça’, a nova novela da Globo escalou Cléo Pires, 28, como sua ‘cabritinha’. À Folha, o ator, recém-separado de Cláudia Raia, conta fazer luzes no cabelo e que Cléo ‘é perfeita para assuntos gastronômicos’.

Folha – Como foi refazer o par com Cléo Pires? Essa nova parceria se dá em razão do sucesso do tio Glauco e Lurdinha, em ‘América’? Já há fofoqueiros insinuando que existe química na vida real. Edson Celulari – Cléo é uma querida, uma companheira ótima para trabalhar e perfeita para assuntos gastronômicos…. A gente, quando se encontra, só fala de comida. O melhor é fazer o que se gosta, com quem a gente se diverte.

Apesar dos cabelos grisalhos, não é justo ser pai de um homem de 40 anos [Murilo Rosa], não?! O cabelo é natural?

Não podemos ser bons na matemática na ficção. O público aceitará a liberdade poética das idades. Quanto aos cabelos, são quase naturais porque o Wanderley Nunes está sempre colocando uma touca neles para fazer uma tal de ‘luzes’.

Fãs do Celulari galã não estão gostando nada de você ser ‘velho’ após se vestir de mulher [no musical ‘Hairspray’].

O público gosta de ver o ator se divertindo com o personagem, independente do tipo. Aplaude a qualidade do personagem através da boa performance do ator. E quem disse que Fernando é velho? Tem muita energia para queimar com sua ‘cabritinha’. O público reclama é de ver ator sempre no mesmo papel.

Voltará em flashbacks ou como espírito, à Vadinho [papel do ator em ‘Dona Flor…’]?

Quando vi, estava fazendo personagem de novela com duração de minissérie, e fui enchendo Fernando de vida. Na última gravação, me deu um aperto no coração… Ele não pode voltar porque senão a história do Walther Negrão não anda. Mas, se tiver de voltar, a gente volta…. de Fernando, Vadinho ou até de filho do Murilo Rosa [risos].

Como é lidar com o assédio da imprensa numa separação tão alardeada como a sua? E conviver com paparazzi?

Coisas ocorrem, se transformam, acabam embrulhando peixe no dia seguinte. O que vale é vida real, à qual luto para dar sentido. O trabalho é público, mas minha vida deve ser privada para que tenha cabeça mais ou menos saudável. Em 30 anos de carreira, venho sorrindo, cúmplice, a esses fotógrafos.

 

INTERNET
‘Boston Globe’ vai cobrar por conteúdo on-line em 2011

A novidade começa a valer a partir da segunda metade do ano que vem. O jornal, que faz parte do mesmo grupo dono do ‘New York Times’, vai distribuir o seu conteúdo em dois sites.

No atual, o boston.com, as reportagens continuarão sendo gratuitas. Já no endereço bostonglobe.com, o conteúdo estará disponível apenas para assinantes, com todo o material do jornal impresso e mais reportagens exclusivas para a web.

Os assinantes do jornal impresso poderão ler todo o conteúdo do site gratuitamente. O preço da assinatura on-line ainda não foi divulgado.

 

Ivan Finotti

Palmirinha está mais pop do que nunca

Como acontece com a madeleine de Marcel Proust, quando Palmirinha prova uma garfada da rabada feita pela filha, ela fecha os olhos, sente o gosto da comida da mãe e se vê transportada à fazenda de sua infância.

Estamos nos anos 1930, em um pequeno sítio próximo a Bauru, tão próximo que hoje está encravado no meio da cidade. Palmirinha tem cinco anos de idade, nunca viu um refrigerante antes, mas entende tudo da horta da família. O pai, Felipe Nery, baiano dedicado, cuida de tudo, do feijão, do milho, da cebola, do tomate caqui, ‘aquele bem grandão’, das saladas todas, dos grãos e dos temperos variados.

O Felipe também cuida da criação de porcos, de galinhas e das duas vacas, que dão leite suficiente para que a mãe, Anna Zambulim, italiana bravíssima, faça o queijo e a manteiga consumidos pela família.

Palmirinha é a terceira filha e lembra como se fosse hoje que a única coisa que eles compravam na cidade era a farinha de trigo.

Aí a Anna fazia o pão no forno de barro com um fermento muito bom, mas cuja receita se perdeu nesses mais de 70 anos.

BANHA

Aos cinco anos, a pequena Palmira precisa subir no banquinho para mexer a colher de pau nas panelas e não deixar a comida queimar no fogão a lenha. Hoje o Felipe quer galinha ao molho pardo, então ele mesmo vai lá e torce o pescoço do frango para que a Anna passe a faca e recolha o sangue necessário para o cozido.

Mas quando é preciso eliminar porco ou vaca, ele chama o matador. Enquanto o especialista faz seu trabalho, o Felipe cava um buraco no quintal. Mas não é para enterrar o bicho.

A Anna derrete a banha no fogo e enche algumas latas de biscoito. Dentro de cada lata, ela coloca partes do porco cru, o lombo, a costela, o pernil. Tampam as latas, colocam no buraco e cobrem de terra. E está pronta a ‘geladeira’ rural dos anos 30.

A lata fica semanas debaixo da terra e, quando é aberta, a carne está tão fresca como se tivesse acabado de matar, não é mesmo, Palmirinha? ‘É sim, amiguinho. Como se tivesse acabado de matar o porquinho.’

Mas a história que a Palmirinha mais gosta da fazenda é a do Felipe Nery indo comprar farinha na cidade. Vai ele na carroça e o cavalo Amparo puxando. Depois da compra, o Felipe sempre toma umas pingas e acaba deitado na carroça, dormindo, do lado de fora da venda.

E aí o Amparo assume uma inteligência estilo da do burrinho pedrês, do Guimarães Rosa, e volta certinho, desviando dos buracos, virando à direita na bifurcação, à esquerda e à esquerda de novo.

Ao chegar na casa de madeira, lamparinas todas já apagadas, o cavalo branco ainda raspa o casco na porta para avisar a Anna que o Felipe está lá, ronc, ronc, só esperando para ser colocado na cama. Esse Amparo só faltava falar, amiguinho.

Pouco depois, aos seis ou sete anos, Palmirinha mudou para a cidade, mas nada muito longe, Bauru mesmo, porque o Felipe cansou da roça e achou por bem abrir um hotel, o hotel São Paulo.

A maior novidade era que lá tinha geladeira mesmo, se bem que não era elétrica nem nada, era um caixote de madeira pintado de branco por fora e com metal por dentro, em que se colocava uma barra de gelo que durava dois dias. Mas o Felipe recheava um saco de estopa com pó de serra, colocava a barra dentro e assim o gelo durava quase uma semana.

O Felipe tinha uma ideia muito própria sobre a educação da Palmirinha: não queria que ela estudasse porque senão ela ia ficar escrevendo cartas para namorado. Mas quando uma francesa amiga da família pediu para levar a menina para São Paulo, porque ela precisava de uma dama de companhia, o Felipe achou uma boa ideia.

E em São Paulo, início dos anos 40, ela aprendeu muito: a atender telefone, a andar de bonde, a entrar na fila da carne -racionada por causa da guerra na Europa- e a fazer seu primeiro doce, pudim de leite condensado.

O caso é que a Georgette cozinhava pra burro e foi logo ensinando o forno e fogão, como creme bechamel com espinafre, ulalá.

E esse é o segredo da Palmira: comida italiana da mamma, doces e molhos diretos de Paris e aquela simpatia de vovó do interior. Uma mistura nada indigesta, não é, amiguinho?

 

Fenômeno cult, ela tenta se aposentar

Palmira Nery da Silva Onofre, 79, apresentou sua última receita na TV Gazeta em 27 de agosto, quando esperava entrar para a aposentadoria. Mas não estão deixando.

Desde então, ela recebeu convites para comparecer a programas de todas as emissoras paulistanas, com exceção da Globo. Os pedidos de entrevistas de jornais e revistas foram tantos que ela contratou uma assessoria, algo de que nunca precisou nos 11 anos em que esteve à frente do ‘TV Culinária’.

Há duas semanas, ela foi escalada para entregar um prêmio na festa anual da MTV e na última quarta, Ratinho disse que quer a culinarista em um quadro semanal em seu programa no SBT. Ela espera receber proposta amanhã.

Esse assédio tem uma razão de ser. É que Palmirinha conquistou um público além das donas-de-casa -a quem chama de ‘minhas amiguinhas’. Seu jeito direto, às vezes mal-humorado, com o boneco que lhe fazia companhia na Gazeta -a quem chamava de ‘amiguinho’- virou hit na rede.

Marcelo Tas e seu ‘CQC’ também ajudaram a espalhar o fenômeno, quando passaram a escalar erros da culinarista no quadro que reúne os ‘melhores’ momentos da televisão na semana. E Palmirinha acabou virando cult.

 

Lúcia Valentim Rodrigues

Reality transforma chefes em subalternos

Após um cansativo dia de trabalho, nada melhor para recobrar as energias do que ver um executivo tendo de desentupir o esgoto de uma casa ou limpar latrinas.

Boa parte da catarse de ‘Undercover Boss – O Chefe Espião’, que estreia amanhã no GNT, vem da chance de ver um burocrata sujando as mãos em um trabalho braçal.

A outra metade, com ares de ‘O Aprendiz’, está no último bloco do reality show, em que o chefe se apresenta na sua verdadeira função e chama as pessoas com que teve contato para dar bronca, promovê-las ou garantir que os problemas serão resolvidos.

A primeira temporada nos EUA, em fevereiro, teve 38,6 milhões de espectadores e bateu o recorde de estreia mais vista desde 1987.

O segundo ano do programa, lançado no último dia 25, caiu para 11,5 milhões, ainda uma audiência respeitável.

Stephen Lambert disse à Folha que criou o programa a partir da entrevista que viu de um CEO da British Airways. Ele dizia que nunca poderia ter a experiência de um passageiro comum porque seria reconhecido.

‘Achei que aquilo soava como uma bela mentira e que, se um chefe se vestisse como um empregado normal, ninguém suspeitaria.’

Na estreia, um dos presidentes da Waste Management, especializada em reciclagem e lixo, descobre que seus empregados fazem xixi numa lata para não ‘afetar a produtividade’. Depois, purga seus pecados desentupindo o ralo de um banheiro.

‘O público gosta de ver o chefe sofrendo na linha de frente’, afirma Lambert.

‘Acho que, quando estamos preocupados o tempo todo com demissão, gostamos de ver chefes tentando entender como é o nosso trabalho.’ O formato já foi adaptado para França, Reino Unido, Espanha, Austrália, Holanda e Dinamarca. Em novembro, sai um livro com compilação de relatos de participantes.

 

Lúcia Valentim Rodrigues

Séries nacionais miram público jovem

Intenso, inconstante, arisco, mutante, impaciente e imediatista. São adjetivos com que produtores audiovisuais descrevem o jovem.

Em busca dessa segmentada audiência, que hoje se vê afastada da TV, emissoras lançam até o primeiro semestre do ano que vem sete novas produções nacionais.

‘Séries para essa fatia do mercado estão proliferando no mundo. É um público que precisa ser mais procurado aqui no Brasil’, diz Hélio Vargas, diretor artístico da Bandeirantes, coprodutora de ‘Julie e os Fantasmas’.

A série, com orçamento de R$ 5 milhões, é a primeira incursão do canal no formato.

João Daniel Tikhomiroff, presidente da Mixer e produtor de ‘Julie’, acha que ‘jovem não está distante da televisão, mas busca ali algo que converse com seu dia a dia’.

Já em ‘Brilhante Futebol Clube’, a produtora viajou até Santa Rita do Sapucaí, no interior de Minas Gerais, para tentar uma abordagem mais natural dos adolescentes fora da cidade grande.

‘O jovem acaba migrando para o conteúdo adulto porque acha infantil muito do que é produzido para a idade dele. A TV carece de um papo reto com o jovem’, comenta o diretor Kiko Ribeiro.

O programa recebeu R$ 2,6 milhões do Ministério da Cultura em um edital que escolheu três séries voltadas para as classes de baixa renda.

As outras selecionadas foram ‘Natália’, de André Alberto Pellenz, e ‘Vida de Estagiário’, de Vitor Brandt. Todas ficam prontas até 30 de dezembro e estreiam na TV Brasil em 2011.

COMÉDIA MALUCA

Brandt criou episódios baseados nas tirinhas de Allan Sieber. ‘As paródias e referências pop tratam de várias coisas do universo jovem. Sendo uma comédia absurda, nada fica deslocado.’

Para Mauro Garcia, da TV Cultura, as redes abertas trabalham mal esse público. ‘É nosso calcanhar de Aquiles. Não há oferta. A TV está atrasada no acompanhamento de temas que os interessam.’

‘Malhação’ estreou a 15ª temporada em agosto com 16 pontos no Ibope (cada ponto equivale a 60 mil domicílios ligados na Grande SP).

É um índice considerado baixo pela Globo, mas que o diretor Ricardo Waddington explica com a entrada mais cedo do programa no ar em virtude do horário eleitoral.

Mas ele defende que não é um programa para jovem. ‘Nosso foco está em falar com o maior número de pessoas possível. Se fossem só adolescentes, não passaria de dez pontos no Ibope.’

Já a MTV buscou outra estrutura ao lançar ‘Descolados’, no ano passado. O segundo ano da série está em fase de captação de recursos.

‘Como pensamos no jovem especificamente, menos gente vai ver, temos de nos conformar. Mas podemos ousar mais’, diz a diretora de programação Cris Lobo.

‘O sucesso de ‘Crepúsculo’ mostra o quanto essa faixa está ávida por produtos.’

Mas criar uma franquia tão bem-sucedida quanto a saga dos vampiros de Stephenie Meyer não é tarefa simples.

 

Gustavo Villas Boas

Serviços de distribuição de filmes pela internet crescem no Brasil

Com a locadora americana Netflix como exemplo, três empresas brasileiras avançaram recentemente no mercado de distribuição digital de filmes e séries.

Querem vender pequenos volumes, às vezes de nicho, para muitos clientes.

A Telefônica lançou uma caixa chamada On Video. Entre outras funções, ela permite alugar e comprar filmes na loja virtual da Saraiva pela TV, usando cartão de crédito e controle remoto.

O aparelho, que custa R$ 19,90 mensais, pode ser usado em qualquer rede, diz Benedito Fayan, diretor de inovação da Telefônica. ‘Também é possível assistir ao conteúdo do Terra TV [grátis] e vamos expandir os parceiros de conteúdo on-line.’

‘A Netflix virou de ponta-cabeça o negócio de locação nos EUA. Estamos investindo em um modelo para o Brasil’, diz Marcilio Pousada, presidente da Saraiva.

Desde maio de 2009, a empresa já vende e aluga conteúdo audiovisual pela web.

‘Em outubro, vamos lançar, com um grande fabricante, a loja virtual diretamente na televisão. E, até o final do ano, teremos o serviço também via ‘streaming’ [transmissão sem arquivamento]’.

Hoje, para comprar ou alugar filmes via web na Saraiva -o acervo é de mais de 3.000 títulos-, é preciso baixar um programa ou usar o On Video. ‘Temos certeza de que, no futuro, grande parte do nosso negócio será digital.’

A locadora NetMovies também aposta nessa expansão. Lançou, em setembro, um serviço de locação via internet com cerca de 2.000 filmes disponíveis via ‘streaming’, por R$ 9,99 ao mês.

‘Já tivemos acesso de todos os Estados. A comodidade de clicar e assistir a um filme legalmente, como no YouTube, tem impacto até na pirataria,’ diz Daniel Topel, CEO da NetMovies.

‘Filmes mais comerciais são mais procurados, mas obras de cineastas como Godard e Truffaut se destacam. Não é fácil encontrá-los em pequenas locadoras ou na internet’, completa.

 

Vanessa Barbara

O que aprendi com Bob Esponja

NO PRÓXIMO dia 10/10/10, domingo, às 10h10, uma horda de bailarinos, coreógrafos e patinadores estará no parque das Bicicletas, em Moema, para homenagear o super-herói Ben 10.

O evento do Cartoon Network marcará a estreia da terceira temporada do desenho -em que um garoto ganha um relógio de pulso que se funde ao seu DNA e permite que ele se transforme em 10 mil espécies diferentes de alienígenas.

Sem nada deverem aos clássicos, os desenhos infantis da nova safra nos trazem inúmeras lições.

O mais popular deles, ‘Bob Esponja Calça Quadrada’ (Globo e Nickelodeon), já passou da sétima temporada e alcançou 7,7 milhões de espectadores num só episódio.

O morador mais famoso da Fenda do Biquíni, amigo de Lula Molusco e residente num abacaxi de dois quartos, ensina que não se deve tomar sundae de amendoim com cebola para não ficar com bafo.

Entre outras coisas.

Num viés mais educativo, a TV Cultura também faz sua contribuição para o público que ainda mastiga a própria mão: um dos programas mais premiados é ‘O Mundo Redondo de Olie’, sobre um robô-criança amarelo e roliço. Outros são ‘Cocoricó’, ‘Doug’, ‘Zoboomafoo’ (um lêmure falante), ‘Shaun, o Carneiro’ (animação muda) e ‘Pingu’ (falada em ‘pinguinês’).

Porém, os maiores sucessos na faixa pré-penico são os musicais ‘Hi-5’ e ‘Backyardigans’, veiculados pelo Discovery Kids, que ensinam cores, números e a fisiologia dos ‘ominhocos’.

Há desenhos infantis para todos os gostos: alguns, como ‘Clifford’, um gigante cão vermelho, ensinam as crianças a serem amigas e responsáveis, mas nada dispõem sobre caninos mutantes de cor rubra.

Outros, como ‘A Vaca e o Frango’, ensinam a andar de bunda no chão e comprar avós adicionais no mercado de parentes usados.

‘Pocoyo’ foi concebido para fins puramente pedagógicos, enquanto ‘Animaniacs’, nem tanto. (Wakko Warner costuma promover um finíssimo recital de música clássica nas axilas.) Se ‘Peixonauta’ é ecologicamente correto, o velho ‘Tom e Jerry’ preconiza a vingança e o hipertabagismo.

Enfim, alguma coisa sempre dá pra aprender com os desenhos.

Nem que seja a obedecer sem reservas à coreografia de um dinossauro púrpura de dois metros de altura que tem culotes e dança.

 

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